Portugal rejeitou carne de javali espanhola contaminada com chumbo
A quantidade deste metal pesado, proveniente da munição utilizada para abater os animais, supera em um caso mais de 100 vezes os níveis máximos permitidos.
© REUTERS/Isabel Infantes
País Alimentação
As autoridades portuguesas rejeitaram, nos últimos meses, remessas de carne de caça de javali procedente de Espanha devido aos elevados níveis de chumbo detetados.
Segundo o El País, que avança que Itália rejeitou igualmente algumas destas remessas, a quantidade deste metal pesado, proveniente da munição utilizada para abater os animais, supera em um caso mais de 100 vezes os níveis máximos permitidos.
O Sistema de Alerta Rápida para Alimentos e Rações da União Europeia (RASFF em inglês) detetou um primeiro incidente notificado no passado 8 de novembro pelas autoridades portuguesas com “filetes de carne de javali” nos quais foram detetados níveis superiores a 11 miligramas de chumbo por quilo de produto. Segundo o próprio alerta, supera em 110 vezes "os níveis máximos autorizados", que são de 0,10 miligramas por quilo.
O segundo caso foi notificado por Itália ao RASFF no passado 5 de dezembro. Neste caso, o produto afetado foi "recortes de carne de javali" e os níveis encontrados triplicaram os máximos autorizados.
A Agência Espanhola de Segurança Alimentar (AESAN) abriu investigações.
"A contaminação da carne de caça pela explosão da munição é um velho problema que pode trazer riscos importantes para a saúde dos consumidores. O chumbo é um metal pesado que se acumula nos tecidos e afeta o desenvolvimento neurológico das crianças. Nos adultos, também causa problemas cardiovasculares e renais, entre outros. Como seu efeito é acumulativo, pode argumentar que um consumo pontual não pode representar um grande risco. O risco pode ser maior para os próprios caçadores e suas famílias, consumidores habituais", explica ao mesmo meio Antonio Juan García Fernández, catedrático em Toxicologia da Universidade de Murcia.
O Notícias ao Minuto contactou a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) para pedir mais informações sobre este caso mas ainda não foi possível obter resposta.
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