Um ano após o ataque ao centro Ismaili, o que se sabe de Abdul?

Homem é suspeito de ter causado a morte à própria mulher, na Grécia.

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Marta Amorim
28/03/2024 12:24 ‧ 28/03/2024 por Marta Amorim

País

Centro Ismaili

Foi há um ano que o país ficou em choque com o ataque ao Centro Ismaili. Adbul Bashir - agora acusado pelo Ministério Público de 11 crimes - matou duas mulheres com uma faca que carregava consigo. 

Mariana Jadaugy, uma das vítimas, tinha 24 anos. Era licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa e com mestrado em Ciências Humanas, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.

Desde 2022 que trabalhava como assistente humanitária na Focus. Ajudava os refugiados a integrarem-se na sociedade portuguesa. 

Já Farana Sadrudin era formada em Engenharia Informática pela Escola Superior de Tecnologia de Setúbal. Com 49 anos, era a gerente e a principal responsável pela fundação Focus Europa, uma associação de assistência humanitária que se dedicava em parte ao acolhimento de refugiados em Portugal. 

Abdul Bashir, de 27 anos, estava em Portugal há cerca de um ano com os três filhos menores - de 9, 7 e 4 anos - quando cometeu o crime. Era presença assídua no Centro Ismaili, local que lhe deu a mão à chegada a Portugal, e onde tinha aulas de português. 

Não se sabe ao certo o que motivou o crime, mas o despacho da acusação dá conta que Abdul Bashir enviava várias mensagens às vítimas, insistindo que estas o ajudassem. Numa das mensagens, Adbul dizia amar uma das mulheres que matou.

Mandado de detenção europeu por suspeitas na morte da mulher

Segundo informações que constam na sua página de Linkedin, Abdul trabalhou como técnico de telecomunicações em Cabul.

Terá chegado à Grécia, a um campo de refugiados, em 2019. É, contudo, em Lesbos, que a história de Abdul se torna (ainda) mais negra. Ali perdeu a mulher, chegando a Portugal dois anos depois.

O despacho do Ministério Público consultado pelo Observador revela que Abdul Bashir era suspeito da morte da mulher na Grécia. Alterou o seu nome pouco antes de viajar para Portugal, motivo pelo qual foi concedido o estatuto de refugiado ainda na Grécia e não foi feita a ligação com o mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades gregas em seu nome.

Abdul é suspeito de ter incendiado o contentor onde dormia no campo de refugiados em Lesbos, causando a morte da mulher. 

Homem está acusado de 11 crimes e foi considerado inimputável

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) deduziu acusação contra Abdul Bashir três dias antes do marco de um ano da tragédia, acusando o homem de nacionalidade afegã de dois crimes de homicídio agravado, seis crimes de homicídio agravado na forma tentada, dois crimes de resistência e coação sobre funcionário e um crime de detenção de arma proibida.

Segundo esclarece o DCIAP, "o arguido padecia, à altura dos factos e, ainda, padece de anomalia psíquica, desde logo um quadro psiquiátrico de esquizofrenia e de uma perturbação da personalidade mista, designadamente perturbação de personalidade narcisista e perturbação de personalidade antissocial", pelo que foi requerida a declaração da inimputabilidade. 

Para o DCIAP, existe uma elevada probabilidade de o arguido vir a praticar outros crimes da mesma natureza, "pelo que o DCIAP requereu, também, a aplicação judicial de medida de segurança de internamento".

O inquérito foi dirigido pelo DCIAP, com a coadjuvação da Polícia Judiciária – Unidade de Contra Terrorismo. O arguido, note-se, encontra-se sujeito à medida de coação de internamento preventivo em hospital psiquiátrico. 

Leia Também: Homem que matou duas mulheres no Centro Ismaili acusado de 11 crimes

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