UNICEF pede maior proteção às mais de 200 mil crianças longe das famílias
Mais de 200 mil crianças são separadas anualmente das famílias em cenários de guerra ou emergência, ficando expostas a violência, exploração ou abusos, alertou a UNICEF Portugal, que apelou às autoridades para que reforcem a proteção destes menores.
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A organização das Nações Unidas para a infância dá conta, em comunicado, de uma "preocupação crescente" com as crianças que são identificadas como estando sozinhas e alerta para a necessidade urgente de as proteger e reunificar com as famílias.
"Em praticamente todas as situações de conflitos, desastres naturais, deslocações em massa e outras crises, há crianças que se separam ou são separadas das suas famílias ou dos cuidados de um adulto responsável", ficando "expostas a riscos extremos de vulnerabilidade como a violência, exploração ou abusos", refere a UNICEF Portugal.
Em 2022, a agência da ONU identificou 201 mil crianças não acompanhadas ou separadas em cenários humanitários em 61 países. Destas, 45% eram raparigas, 39% tinham entre 10 e 14 anos, enquanto 8% eram menores de 05 anos, "um grupo particularmente vulnerável em situações de emergência".
A UNICEF ressalva que este número deverá ser "muito superior", dada a "dificuldade na identificação destas situações e a falta de dados oficiais sobre o número exato de crianças separadas da família em todo o mundo, uma realidade que se mantém fora das estatísticas oficiais".
Na Europa, os movimentos migratórios de crianças não acompanhadas "têm sido mais expressivos. Em 2022, 67% das crianças que chegaram à Bulgária, Chipre, Grécia, Itália, Malta e Espanha, estavam sozinhas -- um aumento de 46% em relação ao total de chegadas em 2021.
Quanto a Portugal, desde 2020, a ONU tem registado "um crescimento gradual de crianças e jovens estrangeiros não acompanhados acolhidos no país".
"Entre 2020 e 2022, chegaram mais de 300 crianças, de forma espontânea e através de mecanismos programados, o triplo face aos três anos anteriores (2017 a 2019)", indica a mesma nota.
A UNICEF Portugal, adianta, tem acompanhado "com proximidade o seu acolhimento e integração na sociedade portuguesa, numa articulação estreita com as instituições de acolhimento e inclusão escolar no país, colaborando no desenvolvimento de abordagens centradas nas necessidades específicas destas crianças e nos seus direitos universais".
A organização apela "às autoridades nacionais e internacionais que reforcem os esforços na proteção das crianças separadas das suas famílias, acelerando os processos de identificação, localização das suas famílias e promoção do reagrupamento familiar".
A diretora executiva da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, considera "imperativo" que "nenhuma criança seja abandonada nos momentos mais difíceis e vulneráveis da sua vida".
"Este é o apelo que fazemos hoje, de forma a poder continuar este trabalho com a ajuda incansável dos nossos doadores e parceiros. É crítico nos dias de hoje, com o aumento das crises humanitárias, podermos continuar a proteger as crianças sozinhas e a reunificar as crianças com as suas famílias. Apenas uma família pode proteger, cuidar e educar uma criança de forma plena", destaca a responsável, citada no comunicado.
Um pouco por todo o mundo, a UNICEF identifica estas crianças, que são acolhidas em centros temporários, onde recebem cuidados essenciais, incluindo proteção, nutrição, saúde e educação.
"Depois de estarem num lugar seguro, é iniciado de imediato o seu processo de identificação e o processo de localização das suas famílias. A reunificação familiar é um direito de todas as crianças", salienta a organização.
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