'Flashmob' junta portugueses em Brandeburgo para cantar Zeca Afonso

 Um grupo de portugueses vai juntar-se nas Portas de Brandeburgo, em Berlim, para gravar um 'flashmob' a cantar "Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso, para assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974.

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© Getty Images/Jörg Carstensen

Lusa
15/04/2024 08:12 ‧ 15/04/2024 por Lusa

País

25 Abril

 

A ideia, que está a ser levada a cabo pela 2314 - Associação Cultural Portuguesa em Berlim, surgiu "em conversa com amigos" e foi ganhando força. A presidente, Helena Araújo, admite que a organização tem sido algo complicada, mas a adesão "extremamente positiva".

"Experimentámos ensaiar com um grupo de amigos, e percebemos que não cantávamos todos ao mesmo tempo nem no mesmo tom", confessa, entre risos.

Para avançar com o projeto de uma forma "mais adequada", foi lançado um convite a todas as pessoas da comunidade a participarem. Neste momento, o grupo é formado por cerca de 30 pessoas.

"Depois é aberto a quem quiser participar. Há um grupo que ensaia previamente, mas, no próprio dia, quem quiser, inclusivamente alemães, pode aparecer por lá e cantar também", explica Helena Araújo em declarações à Lusa.

O objetivo é que o vídeo seja divulgado, através do 'Youtube', no dia 25 de abril à 00.20, repetindo, cinquenta anos depois, a hora da emissão desta senha na Rádio Renascença.

A escolha do local, as Portas de Brandeburgo, foi "intuitiva, automática", partilha a presidente da Associação 2314, "ninguém pensou duas vezes".

"Somos portugueses que estamos na Alemanha e o símbolo da Alemanha, aquilo que todos identificam como alemão é a Porta de Brandeburgo (...) E depois a Alemanha também foi muito importante na nossa revolução. O Partido Socialista foi criado com o grande apoio da Alemanha. Penso que faz todo o sentido 'inscrever' a 'Grândola, Vila Morena' nas Portas de Brandeburgo", realça.

Helena Araújo garante que os participantes no flashmob estão preparados para todas as perguntas de por quem lá passe e a responder simpaticamente, "ou não fossemos nós portugueses", acrescenta.

"Qualquer pessoa que está lá sabe explicar o que é. A maior parte dos alemães das gerações mais velhas também vai perceber imediatamente o que é porque a Revolução dos Cravos foi muitíssimo importante na Alemanha. Houve imensas pessoas, sobretudo os mais jovens, que quando souberam que estava a haver uma revolução na Europa largaram tudo e foram para lá (...) Com sorte, acredito que isto vai ser também uma festa para os berlinenses que assistem ao flashmob", destaca.

Além do flashmob, a associação organiza a "Festa da Liberdade", no dia 28 de abril, com uma exposição, exibição de vários filmes, um debate com testemunhas da época, um concerto de música de intervenção, convívio com gastronomia portuguesa, e um programa para crianças que inclui um atelier de trabalhos manuais para fazerem cravos vermelhos.

"É preciso passar a ideia, e vamos tentar fazer isso na nossa festa, de que viver em liberdade é uma festa e conquistar a liberdade foi uma festa, e acho importante passar esse testemunho aos mais jovens", salienta.

Helena Araújo espera um público "muito misturado".

"Há as pessoas que querem oferecer alguma coisa para a festa, as pessoas que querem fazer a festa com os outros portugueses, e depois há todos os alemães e berlinenses de todas as nacionalidades que vão ver os cartazes da exposição sobre o 25 de abril que decorre nesse edifício, e participar na festa", apontou.

Além destas duas iniciativas, a Associação 2314 organizou ainda, pela primeira vez, um evento que "levou Berlim a Lisboa" com o escritor berlinense de origem russa Wladimir Kaminer, sobre a ditadura portuguesa.

Entre outras, a 2314 associa-se à iniciativa do Willi Münzenber Forum que organiza uma exposição do 25 de Abril, a partir do espólio do jornalista da RDA Klaus Steiniger, que foi viver para Portugal poucos dias após a revolução. No outono decorre, como tem sido hábito, o ciclo de cinema "Portuguese Cinema Days" com os filmes escolhidos centrados nos temas da ditadura, do colonialismo e da revolução.

Leia Também: África foi "importante" para o 25 de Abril e para a abertura da Igreja

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