"A construção de um aeródromo municipal é uma aventura ilusória, sem propósito nem estratégia, para o desenvolvimento municipal", afirmou o vereador Daniel Azenha.
O autarca socialista não considera aceitável discutir a questão "num concelho com sérios problemas de mobilidade, que não dispõe, sequer, de uma rede de transportes públicos eficiente".
O executivo do movimento Figueira a Primeira recebeu parecer favorável condicionado da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) para a construção de um aeródromo com uma pista de 1.200 metros na zona da Gandra/Pincho, a norte da Figueira da Foz.
Defensor das potencialidades do aeródromo, Santana Lopes entende que aquela infraestrutura será um fator de viabilização de muitos investimentos, que vão permitir criar mais postos de trabalho e fixar os jovens.
"O aeródromo vai servir várias finalidades", salientou o presidente da Câmara, falando de vantagens competitivas ao nível empresarial e turístico para o concelho, com manifestações de interesse, entre eles de uma empresa de formação de pilotos de drones, que se pretende fixar na Figueira da Foz a partir de setembro.
Salientando que a área escolhida, próximo do acesso à Autoestrada 17, não interfere com a ampliação da zona industrial do Pincho, o autarca disse que o aeródromo poderá ter um papel importante na competitividade económica do concelho, que "espera um forte caudal de investimento em Projetos de Interesse Nacional (PIN) na área da transição energética".
Santana Lopes adiantou ainda que o anteprojeto recebeu parecer favorável de outras entidades e dos concelhos circundantes.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz tenciona candidatar o projeto ao Portugal 2030 para obtenção de financiamento, mas até lá é ainda necessário o projeto de obra e estimar o investimento.
O PS mostrou sérias reservas ao projeto, com os vereadores Daniel Azenha e Diana Rodrigues a colocarem diversas questões para perceberem "se o investimento vale apena".
"Num concelho que apresenta uma linha férrea que é manifestamente incapaz de ser uma verdadeira alternativa à utilização do transporte rodoviário e que não permite o transporte dos materiais que as nossas empresas produzem, não é aceitável discutir a construção de um aeródromo", disse Daniel Azenha.
O vereador referiu ainda que, na Figueira da Foz, "subsistem graves problemas" nas áreas da habitação, mobilidade e saúde, motivando uma reação mais acalorada de Santana Lopes, que acusou os socialistas de inércia nos 12 anos em que estiveram no poder antes do seu regresso à presidência, em 2021.
"Pintava a minha cara de preto se estivesse 12 anos no poder e o concelho tivesse todas essas carências que enumerou", ripostou o presidente da Câmara, salientando que lhe basta "quatro anos para fazer muito mais".
Apesar da discussão, a Câmara acabou por aprovar, com a abstenção dos três vereadores do PS presentes, a abertura de um procedimento com vista a iniciar a alteração ao Plano Diretor Municipal para permitir a construção do futuro aeródromo.
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