Sofia von Humboldt desenvolveu um conjunto de estudos que visou aferir os fatores que os idosos consideram como mais importantes para um "ajustamento positivo ao seu processo de envelhecimento".
Os estudos, que envolveram duas amostras com 1.270 e 1.291 idosos com mais de 75 anos, revelaram que a importância dada à interação com os netos é "significativamente superior" em relação à que têm com os filhos e os cônjuges.
"Estávamos à espera que fossem os filhos e os cônjuges a terem um peso mais significativo", mas o que verificámos foi que para os entrevistados os netos são mais importantes para "envelhecerem melhor e de uma forma saudável", disse à agência Lusa a investigadora da Unidade de Investigação de Psicologia e Saúde do ISPA - Instituto Universitário.
A investigadora, que falava à Lusa a propósito do Dia Nacional do Avós, que se assinala no sábado, disse que os idosos valorizaram não o facto de estarem ocupados, mas sim as relações que mantém com os netos do ponto de vista emocional.
"O facto de terem netos obriga-os a ter ritmos próprios" e serem participativos na vida dos netos, com responsabilidade, o que é encarado de uma forma positiva.
"Isto acontece numa fase da vida em que os idosos procuram relações, não em quantidade ou diversidade, mas em profundidade do ponto de vista afetivo e sócio emocional", sendo que os "netos conseguem contribuir para isso", explicou.
Os resultados do estudo indicaram ainda que os netos, mais do que os cônjuges, fornecem uma importante rede de apoio, comunicação e assistência, em particular quando a saúde e mobilidade dos idosos diminuiu, em idades mais avançadas.
Quando os idosos chegam a uma idade mais avançada centram-se, muitas vezes, nos aspetos do corpo relacionados com a doença, a dor ou a capacidade física.
O poderem pegar ao colo os netos, dar um abraço, um beijinho faz com que tenham "um contacto físico muito natural e que não vem carregado com nenhum simbolismo associado à doença".
A criação do Dia Nacional dos Avós foi aprovada na Assembleia da República, a 22 de maio de 2003, por iniciativa da deputada social-democrata Ana Manso, eleita pelo distrito da Guarda.