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Buenos Aires. Embaixador português recorda 25 de Abril na Feira do Livro

O embaixador de Portugal na Argentina recordou os 50 anos do 25 de Abril de 1974 na cerimónia de abertura da Feira do Livro de Buenos Aires, que tem Lisboa como cidade convidada de honra.

Buenos Aires. Embaixador português recorda 25 de Abril na Feira do Livro
Notícias ao Minuto

06:19 - 26/04/24 por Lusa

País Buenos Aires

"Se não tivesse acontecido naquele dia, naquela manhã, eu não estaria aqui com vocês hoje (quinta-feira)", disse José Ludovice, com um cravo vermelho na lapela do fato, na inauguração da 48.ª edição do evento.

A programação de Lisboa para a Feira do Livro de Buenos Aires não contempla qualquer cerimónia ou iniciativa evocativa, ou meramente alusiva, ao 25 de Abril, sendo apenas indiretamente visada num evento que celebra as "três Marias".

Um ciclo de cinema vai exibir um documentário sobre as três autoras das "Novas Cartas Portuguesas", Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno.

"Também há um ensaio da Joana Meirim, que se chama 'O essencial sobre as três Marias', e haverá uma conversa em torno de obras literárias que são também factos políticos, tendo como base precisamente, e partindo de, as 'Novas Cartas Portuguesas' e do ensaio de Joana Meirim", disse à Lusa a curadora Carla Quevedo.

A sessão de abertura decorreu ao final do dia, com uma mesa que juntou dois ilustradores (André Letria e Sara Feio), dois poetas (Frederico Pedreira e Rosa Oliveira) e dois autores de banda desenhada (Júlia Barata e Filipe Abranches), para falarem sobre Lisboa, sobre que cidade é essa, para cada um deles, e como os inspira.

Ainda antes da mesa de abertura, foi lançada uma Linha de Apoio à Tradução de Autores de Língua Portuguesa, que visa não só obras de autores portugueses, bem como de autores africanos e timorenses de língua portuguesa, a cargo do Instituto Camões e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.

Também na quinta-feira, foram inauguradas várias exposições, que vão ficar patentes até ao final da feira, no dia 12 de maio: a Casa Fernando Pessoa terá um programa de leitura de fragmentos de "O Livro do Desassossego"; uma mostra internacional que junta ilustradores selecionados pela Bienal de Ilustração de Guimarães com os de uma associação de desenho argentina; e uma mostra de 10 quadros, da autoria de André Letria e Sara Feio, que ilustram o que representa Lisboa e o que a une a Buenos Aires.

A autora de banda desenhada portuguesa Júlia Barata, residente em Buenos Aires, conduziu uma oficina de desenho baseada em Alexandre O'Neill, que incluiu leituras de poemas - em português e castelhano - e trocas de ideias sobre o autor e a sua obra.

Naquela que é uma das maiores feiras do livro do mundo, a cerimónia de abertura ficou marcada pelas críticas aos cortes orçamentais para a cultura impostos pelo novo Presidente ultraliberal Javier Milei.

As vendas de livros caíram cerca de 30% em janeiro na Argentina, devido à situação económica, a elevada inflação, o aumento do custo do papel e os baixos salários.

Leia Também: Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires (sem evocação do 25 de Abril)

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