Problemas financeiros levam Governo a exonerar mesa da Santa Casa

Ana Jorge tinha tomado posse como provedora da Santa Casa há cerca de um ano, tendo herdado a gestão da instituição que atravessava uma grande crise financeira. Juntamente com a provedora, cai também toda a administração.

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Notícias ao Minuto com Lusa
29/04/2024 17:23 ‧ 29/04/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Santa Casa da Misericórdia

O Governo exonerou a mesa da Santa Casa da Misericórdia, liderada por Ana Jorge, segundo avançou esta segunda-feira a SIC Notícias. O despacho com a decisão deverá ser publicado hoje ou amanhã e levará à queda de toda a administração da instituição, incluindo a provedora.

A administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi exonerada "com efeitos imediatos", anunciou esta segunda-feira o Governo, citado pela agência Lusa, justificando a decisão por a equipa "se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição".

"O Governo decidiu exonerar, com efeitos imediatos, todos os membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa [SCML], agradecendo-lhes a disponibilidade para prestar funções em tão relevante instituição", adiantou o Governo em comunicado, hoje divulgado pela Presidência do Conselho de Ministros.

Ana Jorge tinha tomado posse como provedora da Santa Casa há cerca de um ano, tendo herdado a gestão da instituição que atravessava uma grande crise financeira.

"Infelizmente, esta decisão tornou-se inevitável por a Mesa, agora cessante, se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete", justificou o executivo.

O Governo elenca, por exemplo, a ausência de "medidas adequadas que se impunham para inverter rapidamente a situação financeira de extrema gravidade e os riscos de insustentabilidade da SCML" quando em junho do ano passado a administração detetou uma "iminente rutura de tesouraria".

O executivo, em funções há cerca de um mês, acusa ainda a administração demitida de no último ano não ter apresentado "um plano estratégico ou de reestruturação", nem "para fazer face às fortes quebras sentidas pela diminuição das receitas provenientes dos Jogos Sociais, principal fonte de rendimento da instituição".

A Santa Casa da Misericórdia estava a necessitar de ajuda por parte do Estado, estando prevista para este ano uma injeção financeira de 40 milhões de euros. 

A notícia surge no mesmo dia em que o Público tinha dado conta de que a instituição chegou ao final de 2023 com resultados líquidos positivos de dez milhões de euros. Mas que o ministério pretendia uma reestruturação urgente.

Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia foi investigada devido a suspeitas relacionadas com os investimentos feitos no estrangeiro. Chegou a ser feita uma auditoria à instituição, mas a mesa ordenou que todas as operações fossem concluídas. 

A forma como a provedora Ana Jorge conduziu este processo foi alvo de várias críticas. 

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa enviou para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas o relatório sobre a auditoria externa feita à Santa Casa Global no Brasil, confirmou em fevereiro deste ano a instituição à Lusa.

A instituição referiu, no entanto, que a auditoria externa, da responsabilidade da BDO, "ainda não está totalmente concluída, devido a dificuldades na obtenção de documentação administrativa e financeira relativa a participadas" no Brasil.

No dia seguinte, o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, acusou a atual administração da instituição de estar apostada em desacreditar e denegrir a anterior gestão, além de construir falsas narrativas sobre o projeto de internacionalização.

[Notícia atualizada às 20h30]

Leia Também: SIM considera "decisiva" reunião com Santa Casa da Misericórdia

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