Milícia espalha "terror e ataca" imigrantes no Porto. "Ataques planeados"

O SOS Racismo revelou hoje que nos últimos dias, no Porto, um grupo organizado perpetrou ataques racistas contra imigrantes residentes na cidade, situação que obrigou vários a receber tratamento hospitalar.

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Lusa
04/05/2024 15:22 ‧ 04/05/2024 por Lusa

País

SOS Racismo

"Nos últimos dias, um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto. Com recurso a bastões, paus e facas, este grupo espancou vários imigrantes, dentro das suas casas. Os ataques foram planeados e devidamente organizados, para espalhar o terror e atacar o maior número de imigrantes. As habitações foram destruídas e várias pessoas tiveram de receber tratamento hospitalar", lê-se na nota de imprensa.

Neste contexto, o movimento anuncia para hoje, às 22:00, no Campo 24 de agosto, no Porto, uma ação de solidariedade para com os imigrantes agredidos.

Segundo a edição de hoje do Jornal de Notícias, um grupo de seis homens encapuzados, armados com bastões, facas e uma arma de fogo, invadiu na sexta-feira a casa onde vive uma dezena de imigrantes argelinos, além de um venezuelano, para os espancar, destruir o recheio da habitação e proferir insultos racistas.

Durante a meia hora de terror, conta aquele diário, uma das vítimas saltou pela janela do primeiro andar para fugir das agressões. Está internada, num hospital do Porto.

Ainda na madrugada de sexta-feira, na via pública, a PSP registou outros dois ataques de caráter racista dirigidos a cidadãos de origem magrebina, que poderão ter sido cometidos pelo mesmo grupo. Um dos agressores foi detido na posse de um bastão.

"Assistimos a práticas milicianas motivadas pelo ódio racial e xenófobo, típicas de grupos assassinos de extrema-direita. Não podemos voltar aqui - nunca mais!", lê-se no comunicado do SOS Racismo no qual descreve que "estes grupos atuam de forma concertada, porque se sentem legitimados".

"Legitimados pelo discurso de ódio da extrema-direita e por narrativas e discursos populistas e racistas de altos responsáveis políticos, que têm vindo a fazer associações falsas entre a criminalidade e a imigração, fornecendo o combustível necessário para alimentar a violência contra imigrantes e legitimar milícias racistas e xenófobas", denuncia o SOS Racismo.

Critica ainda a "passividade do Estado no combate ao racismo e à xenofobia" que se "verifica nos crónicos problemas da Justiça neste capítulo, aos quais acresce a inoperância da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, que está sem funcionar desde outubro de 2023".

Exigem, por isso, "a todos os responsáveis políticos que condenem estes atos e que condenem todos os discursos de ódio que os sustentam, ao Ministério da Administração Interna que atue de imediato, fornecendo proteção policial necessária para proteger as pessoas, ao Ministério Público que atue rapidamente para deter e levar a julgamento este grupo de criminosos que cobardemente atuam encapuzados".

Ao Presidente da Republica, à Assembleia da República e ao Governo, prossegue o movimento, exigem que "condenem inequivocamente toda esta violência e que tomem as medidas necessárias para que as instituições democráticas funcionem, e, em especial, para que a Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial funcione".

Em resposta à Lusa, fonte da PSP revelou apenas não ter recebido nenhum pedido de autorização para manifestação do SOS Racismo e que vão acompanhar a situação nas próximas horas.

[Notícia atualizada às 15h52]

Leia Também: ADN apresenta queixa-crime contra ativista Mamadou Ba por difamação

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