A ministra da Administração Interna, Margarina Blasco, justificou, esta terça-feira, a escolha do superintendente Luís Miguel Ribeiro Carrilho como novo diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) com a necessidade de fazer uma "reestruturação operacional e uma reorganização" da força de segurança.
"Estamos a fazer uma reestruturação operacional e uma reorganização de todo o dispositivo da PSP, no sentido de responder a novas ameaças, no sentido de compreender os fenómenos que estão a acontecer em vários centro urbanos", disse a governante, em declarações aos jornalistas a partir de Belas, no final da cerimónia que assinalou os 16 anos da Unidade Especial de Polícia (UEP).
Margarida Blasco recusou comentar a exoneração, não respondendo se José Barros Correia não era a pessoa certa para estar à frente da PSP neste momento. A ministra insistiu que fala nesta nova nomeação "para o futuro".
"Eu falo para o futuro. Convidei o senhor superintendente Luís Carrilho para comandar e para estar connosco neste projeto", frisou, numa referência ao Programa do Governo.
"Aquilo que neste momento estamos a fazer e aquilo que eu vos quero novamente dizer é que estamos a fazer uma reestruturação na PSP e conto com o superintendente Luís Carrilho para a fazer connosco e de um modo consequente e célere", insistiu.
Interrogada sobre se a exoneração de José Barros Correia foi da sua inteira responsabilidade, tal como o próprio apontou, a ministra da Administração Interna respondeu apenas com elogios ao papel que o superintende teve à frente da força de segurança e voltou a remeter para o futuro da PSP.
"Os senhores ainda não leram o currículo do superintendente Luís Carrilho, se lerem veem quais são os novos desafios que a PSP tem", atirou.
"O superintendente José Barros Correia foi uma pessoa que honrou com toda a sua humanidade, com toda a lealdade a PSP. Neste momento, partimos para um novo projeto", completou sobre o tema.
Subsídio de risco? "Estou certa de que vamos chegar a uma boa solução"
Margarida Blasco recusou ainda fazer qualquer associação entre esta questão e as negociações em curso quanto ao subsídio de risco, frisando ainda que acredita que o Governo chegará com as associações sindicais a uma "boa solução".
"A questão do subsídio de risco é uma questão que está em negociação (...) Estou certa de que vamos chegar a uma boa solução", apontou.
Confrontada com as críticas apontadas à proposta do Governo sobre este subsídio, a governante reforçou que nas negociações "há avanços, impasses" e que é necessário "aguardar".
"Estamos numa negociação leal, franca, aberta e transparente. Estamos nós e estão os sindicatos e eu tenho a certeza disso. Como somos todos pessoas responsáveis, e estamos a falar de quase 45 mil pessoas, penso que vamos chegar a bom termo", disse, remetendo mais questões para dia 15 de maio, dia em que acontece uma nova reunião negocial.
Recorde-se que Margarida Blasco indigitou ontem o superintendente Luís Miguel Ribeiro Carrilho como novo diretor nacional da PSP, que substitui no cargo José Barros Correia.
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna referiu que "esta decisão de indigitação surge no âmbito da reestruturação operacional da PSP, quer no plano nacional, quer no plano da representação institucional e internacional desta força de segurança pública".
O superintendente Luís Carrilho ocupava, até à data, o cargo de comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP), tendo exercido os cargos de chefe do serviço de segurança da Presidência da República, conselheiro de polícia das Nações Unidas e diretor da divisão de Polícia no Departamento de Operações de Paz da ONU.
Luís Carrilho foi também comandante da Polícia das Nações Unidas em três operações de manutenção da paz na República Centro-Africana, no Haiti e em Timor-Leste, onde foi o primeiro diretor da Academia da Polícia Nacional de Timor-Leste.
Em Portugal, Luís Carrilho exerceu funções de comandante do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, chefe de gabinete do diretor do Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna, chefe de redação da revista da Polícia Portuguesa da PSP e comandante da esquadra de segurança a residência oficial do primeiro-ministro.
Numa mensagem enviada a todo o efetivo da PSP e a que Lusa teve acesso, José Barros Correia atribuiu o seu afastamento do cargo à "exclusiva iniciativa" da ministra da Administração Interna e referiu que vai agora para a pré-aposentação depois de 40 anos na PSP.
[Notícia atualizada às 16h54]
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