"Portugal desempenhará papel para salvaguardar unidade da CPLP"
Marcelo assinalou que "a Europa está sempre muito, muito atenta ao que se passa em África", particularmente Portugal.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou, esta quinta-feira, que Portugal continuará a atuar por forma a “salvaguardar a unidade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, face aos recentes acordos entre Estados-membros do coletivo e a Rússia, em particular São Tomé e Príncipe.
“Quando começou a invasão pela Federação Russa da Ucrânia, houve votações nas Nações Unidas. Nalgumas das votações, a CPLP dividiu-se, e dividiu-se muito”, recordou o chefe de Estado, tendo apontando que, inicialmente, mais países apoiaram a posição de Moscovo do que a de Kyiv.
Contudo, Marcelo ressalvou que esse quadro “foi mudando no tempo, e nessa mudança Portugal teve um papel a desempenhar”.
“Agora, como no futuro, Portugal desempenhará o papel que entende competir em paridade de posições com os outros membros da CPLP, para salvaguardar a unidade da CPLP”, disse.
A comunicação social perguntou ao Presidente da República se está preocupado por um Estado-membro da CPLP ter assinado um acordo de cooperação militar com a Rússia.
"Não conheço esse acordo, acho que foi celebrado agora recentemente, mas não tenho ainda conhecimento dele", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa. "Vou querer conhecer", acrescentou.
Antes, o responsável assinalou que “a Europa está sempre muito, muito atenta ao que se passa em África”, particularmente Portugal.
“Não esqueçamos que temos forças nacionais destacadas com várias missões, em vários estados de língua portuguesa ou não, para garantir a estabilidade, a segurança, as condições humanitárias, sem as quais é muito, muito difícil haver aquilo que todos desejamos, que é um grande futuro para os países africanos e um grande futuro para a colaboração entre a Europa e África”, apontou.
E considerou: “Tudo o que diga respeito a África, como ao mundo em geral, interessa à Europa.”
Num comentário solicitado pela Lusa, a propósito da assinatura de um acordo técnico militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia, no final de abril, o Ministério dos Negócios Estrangeiros recordou que "Portugal tem há décadas uma cooperação multifacetada, intensa e sustentada com São Tomé e Príncipe, como com a Guiné-Bissau e outros países lusófonos".
"A defesa e segurança são pilares dessa cooperação bilateral que se mantém e intensificará, com particular destaque para a segurança marítima no Golfo da Guiné, em que tanto Portugal como a União Europeia têm avançando com apoios concretos, negociados com os países da região, para lidar com os desafios que estes atualmente enfrentam", refere-se na nota do MNE português.
E acrescentou que, em regra, os países da CPLP não fazem "pronunciamentos públicos sobre atos de política externa de cada um dos seus Estados-membros".
O acordo entre São Tomé e Príncipe e a Rússia foi, segundo a agência de notícias oficial russa Sputnik, assinado em São Petersburgo em 24 de abril e começou a ser aplicado em 05 de maio, prevendo formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago.
A divulgação da assinatura deste acordo coincide com a visita que o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, está a efetuar à Rússia, tendo previsto um encontro com o homólogo russo, Vladimir Putin.
[Notícia atualizada às 16h23]
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