"Injusto". MNE recusa genocídio em Gaza mas admite catástrofe humanitária

O ministro dos Negócios Estrangeiros recusa chamar de genocídio ao que está a acontecer em Gaza, considerando que seria "injusto" dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano, mas realça a existência de uma catástrofe humanitária.

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Lusa
13/05/2024 09:26 ‧ 13/05/2024 por Lusa

País

Paulo Rangel

"O genocídio pressupõe a vontade de eliminar um povo. Seria muito injusto dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano", disse Paulo Rangel, numa entrevista ao jornal espanhol El País, onde sublinha que "existe uma catástrofe humanitária que exige condenação, que exige que Israel aceite um cessar-fogo imediato e que precisa de ser reparada o mais rapidamente possível".

Paulo Rangel recorda na entrevista que Portugal expressou esta posição ao Governo israelita e ao seu embaixador em Lisboa.

Questionado sobre se a comunidade internacional deveria impor medidas punitivas a Israel, o ministro respondeu que se deve "exercer grande pressão sobre o Governo".

"Portugal entende que o Estado israelita enfrenta uma ameaça existencial. Isto também não deve ser escondido, mas uma coisa não elimina a outra", refere.

"É por isso que somos a favor da solução de dois Estados, ambos têm o direito de existir. A pressão aumentou claramente. Os Estados Unidos desempenharam um papel muito importante nesse sentido", defendeu o ministro, entendendo que é preciso continuar a exercer a diplomacia e até "alguma pressão política" sobre Israel para, pelo menos, se conseguir um cessar-fogo.

A propósito do reconhecimento da Palestina como Estado por parte da Espanha e de outros países, Paulo Rangel disse que Portugal tem "uma posição muito próxima", "embora não seja exatamente a mesma".

"Há uma diferença temporal. Fazemos consultas com outros Estados-Membros para ver qual é o momento mais oportuno para dar esse passo", afirmou o governante, acrescentando que "existe um grande consenso europeu sobre a questão dos dois Estados".

Rangel recordou ainda que Portugal "tomou medidas para tentar reunir os países relutantes a favor da votação sobre a Palestina na Assembleia Geral".

Na entrevista, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse igualmente que a preocupação de Portugal "não é criar uma linha divisória na União Europeia, uma fratura que radicalize posições", mas manter uma "posição construtiva".

"Juntamente com a Espanha, há muito que apelamos a um cessar-fogo imediato e à libertação dos reféns. Estamos perante uma catástrofe humanitária, uma situação de urgência e emergência para o povo palestiniano de Gaza, cuja grande maioria é inocente", afirmou.

Leia Também: Acordo com a Rússia? Portugal manifestou "estranheza" a São Tomé

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