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"Votação europeia pouco ou mesmo nenhum impacto deveria ter em casa"

Analistas políticos consultados pela agência Lusa consideram que os resultados das eleições europeias de domingo não se devem repercutir na vida política interna em Portugal.

"Votação europeia pouco ou mesmo nenhum impacto deveria ter em casa"
Notícias ao Minuto

13:08 - 06/06/24 por Lusa

País Europeias

"Sinceramente, acho que não. O problema tem muito mais a ver com a probabilidade de haver diferenças muito significativas nos resultados entre as principais forças políticas, o que não é o caso. Tipicamente as eleições para o Parlamento Europeu são totalmente ineficazes quanto ao modelo de governação interno, quando o efeito da variação entre os partidos é baixo", sustenta o professor universitário Manuel Meirinho.

"Em princípio a votação europeia pouco ou mesmo nenhum impacto deveria ter em casa. Só se o resultado da nossa mini votação tivesse um efeito interno muito inesperado", salienta Manuel Villaverde Cabral, investigador emérito do Instituto de Ciências Sociais, de Lisboa, referindo-se à crescente taxa de abstenção nas eleições europeias em Portugal.

A abstenção nas anteriores eleições europeias, em 2019, bateu mínimos históricos: 69,25%.

Villaverde Cabral acredita que a taxa de afluência em Portugal vai continuar baixa.

"Apesar da propaganda das televisões nas últimas semanas da votação, é manifesto que a participação portuguesa continuará a ser baixa e é previsível, globalmente, que os três maiores partidos (AD, PS e Chega) açambarquem os escassos lugares disponíveis", antecipa.

Manuel Meirinho adianta outra razão para que os resultados da votação de domingo não "contaminem" o equilíbrio saído das legislativas de 10 de março.

"As eleições europeias jogam-se num círculo nacional único. E portanto há uma probabilidade grande dos pequenos partidos também terem representação e naquilo que é o efeito na forma de alinhamento interno dos partidos, sobretudo na questão da governabilidade e da dinâmica de aprovação e do jogo político para aprovação das leis e do Orçamento, em particular, isto não trará grandes diferenças", afirma.

Quanto ao contexto em que se realizam estas eleições europeias, Manuel Villaverde Cabral antecipa que "parece estar inclinada para a 'direita' ao mesmo tempo que dividida" com as posições assumidas relativamente à invasão russa da Ucrânia.

"O leque ideológico das candidaturas ao Parlamento Europeu é muito vasto e nem sempre cada uma delas possui peso suficiente no seu país, para não falar do conjunto europeu", acrescenta.

Villaverde Cabral alerta para o "pouco ou nenhum peso" dos eurodeputados portugueses e, olhando para a política doméstica, diz que a "queda final do primeiro-ministro António Costa abriu o caminho sem querer à chamada 'social-democracia'".

"Neste sentido, o Chega é o mais reservado -- ou pior mobilizado a nível europeu. O PS terá no entanto muito pouco peso no contexto geral e, se algum partido português tiver algum, será o PSD (...) A única probabilidade de mudança é dos liberais, concretamente João Cotrim de Figueiredo, candidato da Iniciativa Liberal, que acredita poder vir a ter companhia no Parlamento Europeu", vaticina.

"O resto serão prémios individuais a 'vedetas' da vida partidária lusitana", reforça.

Cerca de 373 milhões de eleitores europeus são chamados a votar para o Parlamento Europeu entre 06 e 09 de junho. Em Portugal, a votação é no dia 09.

Serão escolhidos 720 eurodeputados, 21 dos quais portugueses.

Concorrem às eleições 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP.

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