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Burla do 'TikTok' preocupa PSP. Já há quase 700 denúncias em 2024

Fenómeno 'Pig Butchering' tem registado crescimento e já é o segundo com mais denúncias este ano na categoria das burlas informáticas e nas comunicações, de acordo com dados da PSP.

Burla do 'TikTok' preocupa PSP. Já há quase 700 denúncias em 2024

Em março, a Polícia de Segurança Pública (PSP) veio alertar par a burla 'Pig Butchering' ('matança do porco', na tradução livre), um esquema que estava a surgir desde o início do ano, sobretudo, rede social 'TikTok'. O fenómeno tem registado um crescimento e em 2024 já foram apresentadas quase 700 denúncias àquela força de segurança, segundo dados oficiais a que o Notícias ao Minuto teve acesso. 

De acordo com os dados, até junho de 2024, a PSP recebeu 654 denúncias relativas a esta burla. 

No que diz respeito a burlas informáticas e nas comunicações, só o esquema 'Olá Pai, Olá Mãe' está à frente do 'Pig Butchering' e é a burla com mais denúncias - 1.278 só este ano. 

Em 2024, há também registo de 587 denúncias relacionadas com falsos arrendamentos, 540 com o MBWay, 349 relacionadas com a compra-venda de artigos e 263 com a compra-venda de viaturas.

A PSP acredita, contudo, que os números sejam superiores, devido à existência de cifras negras. 

De realçar que, no que diz respeito ao 'Pig Butchering', os dados mostram que o esquema que será predominantemente efetuado a partir de centros de atendimento (call centers) no Sudeste Asiático.

De um modo geral, "esta burla consiste na criação de uma relação de confiança gradual com as vítimas, levando-as a realizar contribuições consideráveis ('investimentos'), muitas vezes sob a forma de criptomoeda", segundo a PSP. 

Quando este tipo de burlas surgiu em 2020, estava associado às burlas românticas e à manipulação da componente afetiva da vítima. Atualmente, "evoluiu para o uso de plataformas de investimento online falsas e para a utilização de técnicas sofisticadas, como o uso de criptomoeda nas transações, uma vez que dificulta o rastreio e recuperação do dinheiro investido. É importante que não existam paraísos seguros para os autores de fraudes financeiras operarem, mas para isso é preciso garantir uma eficaz partilha de informações entre os diferentes sectores e além-fronteiras".

Como já tinha sido divulgado pela PSP, a burla, estruturalmente, assenta em três fases distintas:

O ganho de confiança:

O burlão "inicia uma conversa casual com a vítima, fingindo que recebeu aos seus dados pessoais acidentalmente ou através de um conhecido mútuo". Estas interações "têm como objetivo criar uma relação de confiança com a vítima e podem incluir a utilização de imagens de perfil atraentes para cativar a mesma".  

Uma vez estabelecida a relação de confiança, "é apresentada uma promessa de dividendos através da realização de tarefas simples, como visualizações de músicas no Youtube ou avaliações em sites de vendas. Ao realizar estas tarefas os lesados são aliciados a efetuar o pagamento de um valor que, posteriormente, será devolvido, acrescido de recompensas".

A engorda:

Ao passo que, inicialmente, o valor a 'investir' é diminuto, destaca a PSP, "com o evoluir das tarefas é solicitado o pagamento de valores mais avultados. Nesta fase a confiança é reforçada e as vítimas têm retorno imediato". 

Para tornar a burla credível, "outros alegados investidores incentivam os lesados a efetuar investimentos maiores, chegando a publicar alegados comprovativos de pagamentos recebidos. Os investimentos vão aumentando até ao momento em que é proposto à vítima que efetue um investimento na ordem dos milhares de euros".

O Abate/recolha de dinheiro

Após convencer a vítima a fazer este grande investimento, "os burlões ficam incontactáveis, eliminam a sua presença online ou criam novas identidades, deixando os lesados sem forma de recuperar o dinheiro investido". 

Os conselhos da PSP:

1.    Os burlões, geralmente, entram em contacto com as vítimas através das redes sociais ou aplicações de namoro. Também enviam mensagens de texto 'acidentalmente' para iniciar conversas com as vítimas. Evite responder a mensagens de texto não solicitadas e bloqueie ou denuncie a pessoa que as envia.

2.    Os burlões, de forma gradual, vão ganhando a confiança das vítimas antes de abordar o tema do investimento. Desconfie de qualquer conselho de investimento que prometa lucros significativos e imediatos. Evite partilhar informações pessoais e financeiras com um contacto online.

3.    Como os burlões querem que as vítimas confiem neles, alguns prometem presentes extravagantes e viagens exorbitantes ao estrangeiro. Desconfie de promessas irrealistas e bloqueie o contacto.

4.    O burlão pode convencer a vítima a descarregar uma aplicação de investimento e negociar com ela para demonstrar como funciona. A plataforma permitirá primeiro pequenos ganhos. Posteriormente, mediante pedidos de levantamento de dinheiro mais significativos, a plataforma pode impor impostos ou taxas e informar a vítima de que a sua conta foi congelada e que o pagamento das taxas é a única solução.

5.    O site recomendado pelo burlão pode ter um URL com erros ortográficos de um site/aplicação frequentemente mal projetado de serviços de terceiros para transações em criptomoeda. Garanta sempre que está a utilizar um site/aplicação fidedigna.

6.    À medida que mais pessoas têm conhecimento das burlas, estas tornam-se menos eficazes, logo a natureza do crime está em constante evolução e os criminosos vão criando novas variantes. Mantenha-se atualizado sobre as últimas tendências.

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