Durante a interpelação ao executivo PSD/CDS-PP que decorreu hoje no parlamento, a pedido do BE, sobre o plano de emergência para a saúde, Ana Paula Martins foi questionada sobre as negociações com sindicatos que representam os profissionais do setor da saúde.
“A nossa resposta é sim, queremos muito negociar. Neste momento são as carreiras especiais, a partir de setembro serão as outras carreiras gerais”, começou por responder à deputada do PCP, Paula Santos.
De acordo com a ministra da Saúde, a razão do adiamento para as reuniões que estavam inicialmente marcadas para a semana que hoje termina teve a ver “com questões de agenda”, mas também com outro aspeto.
“O Governo - todo ele, não só a Saúde - está a fazer um trabalho profundo de avaliação com o Ministério das Finanças e Administração Pública para colocarmos em cima da mesa nas reuniões da próxima semana o melhor que temos para oferecer aos profissionais no âmbito não só da revalorização das suas carreiras, mas também na dignificação das suas carreiras”, afirmou Ana Paula Martins.
A comunista Paula Santos tinha feito um diagnóstico que considerou "muito preocupante" sobre a situação na Saúde, referindo os casos dos utentes sem médicos de família ou tempos de espera muito elevados, o que considerou ser “reflexo da falta d profissionais de saúde”.
“Olhamos quer para o que o Governo apresenta quer para as intervenções e não vemos da parte do Governo qualquer compromisso sério para valorizar os profissionais de saúde”, lamentou.
Durante o debate – no qual foi feito o primeiro teste ao sistema do semáforo que vai regular os tempos de intervenção dos deputados - PSD, Chega, IL e CDS-PP colaram, em diversas ocasiões, o BE à governação do PS dos últimos nove anos, corresponsabilizando os bloquistas pela situação em que foi deixado o SNS.
Pelo PSD, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, criticou o que deixou na saúde “o Governo socialista de António Costa apoiado pela geringonça”, dando como exemplos “mais de um milhão de pessoas sem médicos de família”, os tempos de espera para consultas, operações e tratamentos, os “70 mil doentes com necessidade de cuidados paliativos e sem acesso” e a situação da emergência médica.
“Porque desamparou o governo socialista o estado social? Porque deixou de gostar do melhor que Portugal tem: as pessoas”, disse.
Pelo Chega, Pedro Pinto considerou que “o estado a que chegou o SNS é culpa do PS, PCP e BE” e que deviam “pedir desculpa aos portugueses”.
“Qual é a diferença entre o Governo do PS e o do PSD? Nenhuma”, acusou.
Mário Amorim Lopes, da IL, pediu à esquerda um “ato de contrição” pelo estado da saúde e defendeu que o orçamento para este setor “não pode estar dependente dos ciclos políticos” e que deveria ser plurianual.
Pelo CDS-PP, João Almeida questionou se os bloquistas não achavam que era preciso um “plano de emergência para a hipocrisia do BE” que apoiou o Governo do PS durante os nove anos nos quais foram tomadas “decisões trágicas” que se refletem até agora uma vez que a esquerda escolheu “enganar os portugueses”.
Numa resposta ao PS, a líder do BE acusou os socialistas de terem "sacrificado o SNS às suas estratégias de poder”.
“Há meses o PS tinha maioria absoluta e onde estava o Governo na altura de valorizar carreiras?”, questionou, criticando a “guerra contra os profissionais de saúde” e afirmando esperar que o PS “tenha percebido os problemas do passado e se junte agora a esta luta para salvar o SNS”.
Susana Correia, do PS, tinha acusado o Governo do PSD/CDS-PP de insistir em “atacar o Governo do PS sem coragem para governar”, condenando que o plano de emergência para a saúde não tenha referência aos profissionais de saúde nem os custos associados.
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