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Projeto promove inclusão de reclusos através da música e da escrita

A música e a escrita estão a servir de estímulo à criatividade de 20 mulheres e homens reclusos num projeto de inclusão que os levará em setembro ao palco do Teatro Municipal da Guarda.

Projeto promove inclusão de reclusos através da música e da escrita
Notícias ao Minuto

10:19 - 30/06/24 por Lusa

País Guarda

Desde abril que Luis Sequeira (B. Riddim) dinamiza semanalmente no Estabelecimento Prisional da Guarda sessões dedicadas à música e à escrita, com o propósito de criar um espetáculo que será apresentado em setembro no Teatro Municipal da Guarda (TMG).

"É um projeto de inclusão social, com incidência na cultura cigana. Vai permitir levar as pessoas da etnia cigana ao TMG. Representa uma capacidade de mudança, não só de mentalidades, mas também do paradigma sobre as pessoas que estão privadas de liberdade", salientou à agência Lusa o produtor e músico, natural da Guarda.

Esta segunda edição do Beat na Montanha, depois da estreia envolvendo crianças e jovens da Aldeia SOS da Guarda e do Centro Escolar de Gonçalo, concelho da Guarda, conta com a participação de André Neves (Maze), membro dos Dealema.

A iniciativa envolve cerca de 20 participantes, homens e mulheres, dos 24 aos 73 anos. A apresentação final está a ser preparada separadamente. Os dois grupos só irão conhecer-se dias antes do espetáculo para os ensaios finais.

Nesta segunda temporada, Luis Sequeira destaca que a intervenção social está mais vincada porque são homens e mulheres que cometeram crimes e em comum têm a paixão pela música. A dúvida inicial era como motivar as pessoas, respeitar a cultura dos participantes e tirar partido ao mesmo tempo da realidade das festas ciganas, mas cedo se criou "uma sintonia muito grande", aponta Luis Sequeira.

André Neves considera que se trata de um projeto transformador: "Eles sentem-se vistos, como seres humanos e como criativos. Só esse estado é altamente terapêutico", salienta o rapper. Depois, a música associada à escrita faz despertar outros sentimentos.

"É uma terapia em várias camadas. A parte da escrita é catártica. Vem a carga do passado e todas as temáticas associadas, como a culpa, o arrependimento e o erro", refere o músico.

Para André Neves, as sessões do Beat na Montanha têm funcionado como lufadas nas rotinas dos reclusos. "Somos facilitadores de processos. São balões de oxigénio e momentos em que se esquecem que estão ali dentro e do seu percurso", assinala.

No processo criativo do Beat na Montanha, André Neves assinala que a música "é a ignição que puxa o sentimento" e por isso o foco de Luis Sequeira é "espicaçar" determinados momentos nos participantes para tentar obter misturas que possam funcionar.

"Há uma conexão com a cultura hip-hop e a música cigana estará na parte instrumental", revela, sobre o que será a apresentação final.

O diretor do Estabelecimento Prisional da Guarda, Luis Couto, considera que se trata de um projeto muito apelativo para a comunidade prisional.

"É mais um dos projetos em que apostamos porque estimulam a população prisional. São importantíssimos para a inclusão", sustenta o dirigente.

Luis Couto salienta que iniciativas como o Beat na Montanha melhoram os conhecimentos e são uma motivação extra para os reclusos.

O Beat na Montanha é uma organização da Câmara Municipal da Guarda através do TMG.

Para o presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, é um projeto que ganha espaço e marca no concelho. O autarca salienta que o acesso à cultura deve ser transversal aos vários públicos e que o projeto é uma "forte aposta" do município.

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