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O músico que "encantou". Políticos lamentam morte de Fausto Bordalo Dias

Músico tinha 75 anos.

O músico que "encantou". Políticos lamentam morte de Fausto Bordalo Dias
Notícias ao Minuto

17:01 - 01/07/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Fausto Bordalo Dias

Várias figuras políticas lamentaram, esta segunda-feira, a morte do cantor e compositor Fausto Bordalo Dias, aos 75 anos, recordando-o como alguém que "encantou" e "traduziu" o "sentimento português".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi um dos primeiros a pronunciar-se, dando nota de que recebeu com tristeza a notícia.

Numa nota divulgada na página da Presidência, o chefe de Estado recordou o "legado musical que se confunde com a própria história de Portugal" que o artista deixou ao longo dos anos.

"Fausto pertencia a uma constelação de músicos que traduziu para as canções de intervenção o sentimento do povo português, e é por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho", frisou.

Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, salientou que o músico "encantou-nos durante décadas" e que a sua morte "não significa o seu desaparecimento". 

"O contributo que deu à música e à portugalidade são eternos e vão continuar a inspirar-nos", escreveu Luís Montenegro numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, manifestou "profundo pesar" pela morte do músico português, assinalando que a sua obra fica para sempre ligada à "oposição ao regime ditatorial português" e à "resistência contra o fascismo".

"Fausto legou-nos uma das mais belas memórias de Abril, uma música sublime -- 'Por este rio acima/ Os barcos vão pintados/ De muitas pinturas'", destacou a ministra.

Dalila Rodrigues lembrou que Fausto "foi um músico pioneiro e renovador, cujo legado artístico é reconhecido pela forma como cantou uma parte fundamental da História portuguesa", tendo influenciado gerações de novos artisas.

o secretário-geral do PS lembrou um dos "maiores cantautores portugueses", um "homem profundamente carismático, mas muito reservado" e um "cidadão atento e comprometido com as causas da cultura".

"Em meu nome pessoal e do Partido Socialista, reconheço o guitarrista, o cantor, o compositor, o poeta, o cidadão atento e comprometido com as causas da cultura, manifestando o nosso profundo pesar pelo falecimento de Fausto Bordalo Dias, prestando-lhe homenagem e transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências", pode ler-se num comunicado assinado por Pedro Nuno Santos.

Também numa publicação na rede X, o PCP manifestou o seu pesar pelo falecimento de Fausto Bordalo Dias, "um dos nomes marcantes da música portuguesa".

"O PCP salienta o papel de Fausto Bordalo Dias, o compositor e cantor, criador de muitas das mais belas canções portuguesas ao longo de toda a sua carreira artística. O PCP jamais esquecerá o facto de Fausto Bordalo Dias ter aceite o convite, em 1985, para fazer o arranjo musical da Carvalhesa, música popular portuguesa, originária de Trás-os-Montes que acompanha a actividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais e na Festa do Avante!,  que desperta de forma viva e entusiástica a alegria e confiança no futuro", lê-se.

Por sua vez, Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, descreveu Fausto Bordalo Dias como "um nome maior da música portuguesa, que marcou o nosso tempo".

"Durante décadas, as suas canções acompanharam e inspiraram lutas pela igualdade, pela justiça e pela emancipação. Cá estaremos, Fausto, 'p'ró que der e vier'. Obrigado", escreveu na X.

Fausto Bordalo Dias, criador de 'Por Este Rio Acima', morreu hoje de madrugada aos 75 anos, em casa, em Lisboa, vítima de doença prolongada.

O músico viveu a infância e a adolescência em Angola, onde começou a interessar-se por música, assimilando os ritmos africanos que conjugaria com ritmos e modos da tradição popular portuguesa. O seu primeiro grupo, porém, integrava-se no movimento pop dos anos 60 e tinha por nome Os Rebeldes.

Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP - Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas, a que mais tarde juntaria o mestrado em Relações Internacionais.

A adesão ao movimento associativo aproximou-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.

'Pró que Der e Vier' (1974) e 'Beco sem Saída' (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária.

A esses seguiram-se 'Madrugada dos Trapeiros' (1977), que inclui a canção ecologista 'Rosalinda', 'Histórias de Viajeiros' (1979), que abre já caminho a 'Por Este Rio Acima' (1982), o seu grande sucesso, inspirado na obra 'Peregrinação', de Fernão Mendes Pinto.

Com 'Para Além das Cordilheiras' (1989) venceu o Prémio José Afonso.

'O Despertar dos Alquimistas', 'A Preto e Branco', 'Crónicas da Terra Ardente' são outros dos seus álbuns.

Em 2003 compôs 'A Ópera Mágica do Cantor Maldito' (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de Abril.

Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espectáculo 'Três Cantos', sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.

Leia Também: Fausto. Perdeu-se "um dos maiores" da história da música portuguesa

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