A Polícia Judiciária levou a cabo buscas, esta quinta-feira, em várias empresas em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.
Segundo esta força policial, a estas empresas "terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao Erário Público".
Assim, em causa estão fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas.
Os factos em causa são suscetíveis de se enquadrar na prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral).
Recorde-se que, esta manhã, soube-se que Luís Bernardo, ex-assessor de José Sócrates, estava a ser alvo de uma megaoperação da Polícia Judiciária, sob suspeita de crimes como corrupção. Em causa está, mas não só, a atividade da empresa Wonder Level Partners (WLP), da qual é proprietário, pela forma como ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia.
O Notícias ao Minuto tentou confirmar junto de fonte oficial se a 'Operação Concerto' está relacionada com as buscas realizadas a Luís Bernardo, mas até ao momento não foi possível confirmar a ligação entre as duas operações.
Na 'Operação Concerto' estiveram envolvidos cerca de 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de 8 Magistrados do Ministério Público, no DCIAP.
Entretanto, também a Procuradoria-Geral da República divulgou uma nota no seu 'site' sobre esta operação, acrescentando que os factos sob investigação terão ocorrido entre 2020 e 2024 e detalhando alguns dos locais que foram alvo de buscas, como uma universidade, municípios, uma freguesia de Lisboa, serviços municipalizados, empresas municipais e a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.
O MP adiantou ainda que as empresas de assessoria de comunicação sob suspeita terão criado um "esquema concertado que passava pela apresentação de propostas em concursos públicos, criando falsamente um cenário de aparente concorrência e legalidade, mas tendo em vista garantir, à partida, quais seriam as vencedoras das adjudicações" dos contratos.
O inquérito está sujeito a segredo de justiça.
[Notícia atualizada às 12h10]
Leia Também: Luís Bernardo. Buscas por suspeita de corrupção em assessorias de câmaras