Bombeiros das Caldas acusam ULS do Oeste de "faltar à verdade"
Em causa está o caso da mulher a quem terá sido recusada assistência, esta segunda-feira, no Hospital das Caldas da Rainha, na sequência de um aborto espontâneo.
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País Caldas da Rainha
O comandante da corporação dos bombeiros de Caldas da Rainha acusou a Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste de "faltar à verdade", depois de o Conselho de Administração ter negado, esta segunda-feira, a recusa na admissão de uma mulher que tinha abortado em casa e que chegou ao hospital com o feto dentro de um saco.
Recorde-se que, num comunicado, a (ULS) Oeste confirmou que a urgência de ginecologia e obstetrícia de Caldas da Rainha "não estava a funcionar", mas negou que a unidade hospitalar tenha recusado atender a utente.
"Temos registo que a utente apenas entrou no hospital às 08h04 de hoje, tendo sido de imediato admitida. Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para admissão", esclareceu.
Confrontado com este esclarecimento pela agência Lusa, o comandante dos bombeiros de Caldas da Rainha, Nelson Cruz, acusou a ULS Oeste de "faltar à verdade", argumentando que "se a urgência estava fechada, não há registo na admissão de doentes".
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) indicou à Lusa que o CODU recebeu uma chamada às 07h17 e acionou a ambulância às 07h21, tendo recebido pelas 07h33 dados da tripulação do veículo de socorro.
Face aos constrangimentos da urgência de ginecologia e obstetrícia de Caldas da Rainha, "o CODU contactou o mesmo hospital para que a utente pudesse ser admitida e avaliada e se determinar se existiam condições para o transporte para Coimbra", tendo a mulher sido observada por uma médica obstetra, referiu o INEM.
Ainda segundo o INEM, o CODU informou os bombeiros da decisão pelas 07h50, tendo recebido novo contacto dos bombeiros às 08h27 a informar que a utente tinha sido admitida.
De realçar que foi hoje noticiado que a mulher, com hemorragias após um aborto espontâneo, viu negada assistência no hospital de Caldas da Rainha, cuja urgência obstétrica estava encerrada, e apenas foi atendida após insistência do CODU e dos bombeiros.
Em declarações à Lusa, o comandante dos bombeiros de Caldas da Rainha explicou que às 07h21 uma ambulância da corporação foi acionada pelo CODU para socorrer uma mulher, de 32 anos, que estava frente à urgência do hospital de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, dentro do carro.
"A senhora tinha tido um aborto espontâneo, tinha o feto com ela dentro de um saco e estava com muitas hemorragias, dentro do veículo particular", contou o responsável.
Chegados ao local, os bombeiros passaram informações sobre estado da mulher ao CODU e disseram ao marido para ir pedir ajuda dentro do hospital, embora o homem já o tivesse feito assim que chegaram.
Nelson Cruz relatou ainda que "o CODU deu a possibilidade de irem para a Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, mas o colega alertou que a senhora estava com uma hemorragia tão abundante que não ia ser fácil chegarem [...] em segurança sem terem um apoio diferenciado, porque são 130 quilómetros, mais de uma hora de caminho".
"Se estamos perante uma pessoa que acaba de ter um aborto e que está com uma hemorragia abundante, naturalmente que não conseguimos dentro de uma ambulância controlar uma hemorragia interna e essa vítima, em pouco tempo, a perder sangue dessa maneira, tem a vida em causa", sublinhou.
Após insistência dos bombeiros junto do CODU e do centro de orientação com o hospital, ao fim de mais de meia hora, a mulher foi atendida por uma médica.
O caso foi revelado hoje ao início da tarde pela TVI, que relatou que "a mulher chegou à urgência já com o feto morto e a perder sangue, mas foi obrigada a ligar para o 112 a pedir socorro".
"Só depois da chegada dos bombeiros, e após meia hora de contactos, é que o hospital aceitou dar-lhe assistência", indicou a TVI.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu um inquérito ao caso, segundo confirmou o Ministério da Saúde ao Notícias ao Minuto.
Leia Também: IGAS investiga caso de mulher com feto morto nas Caldas da Rainha
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