Há estudantes universitários com "mais do que um trabalho para conseguir fazer face às despesas" e ser um deslocado "acaba por ser mesmo uma grande dificuldade". O Notícias ao Minuto falou com a Presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL), Mariana Barbosa, depois de um estudo tornado público revelar que um estudante universitário gasta, em média, 900 euros por mês para pagar as despesas, que referiu que é na alimentação e nas atividades de extracurriculares onde os alunos mais poupam.
"Ser um estudante deslocado acaba por ser mesmo uma grande dificuldade", salientou Mariana Barbosa, referindo que há "estudantes bolseiros não descolados que também passam várias limitações" e que "por vezes têm de trabalhar e ter mais do que um trabalho para conseguir fazer face às despesas".
Trabalhar e estudar ao mesmo tempo torna difícil "conciliar a vida académica e profissional", levando ainda os alunos a não conseguirem "ter o aproveitamento que gostariam".
Alimentação e atividades é onde mais se tenta poupar
A presidente da FAL contou ao Notícias ao Minuto que é na alimentação que os alunos mais tentam poupar. "Saiu até há um tempo um estudo em que os estudantes deslocados não se alimentam bem e que quanto mais se aproxima o final do mês pior se alimentam", afirmou.
É também de atividades atividades extracurriculares, como o voluntariado, desporto e grupos académicos e culturais, que os alunos mais se privam, já que, em alguns casos, "podem ter custos relacionados". Mariana Barbosa realçou que estas experiências "são pontos que são extremamente importantes para o percurso do estudante e para a sua experiência no ensino superior".
"Estamos a formar profissionais, não estamos a formar apenas máquinas que aprendem", afirmou.
"O ensino superior deve ser um elevador social, deve ser de acesso generalizado a todos os estudantes e todos os apoios sociais devem conseguir fazer face às suas despesas", referiu Mariana Barbosa.
Bolsa de estudo é insuficiente
A presidente da FAL contou ao Notícias ao Minuto que as bolsa de estudo "não dá praticamente para mais nada do que a propina mensamente", embora na "sua definição a bolsa seria, na sua base para, alojamento, deslocação, alimentação e para a propina".
"Um estudante que recebe a bolsa mensal consegue pagar a propina, mas depois não consegue ter refeições numa cantina social mais do que uma semana e meia quando deveria ser para todo o mês", afirmou.
Escolha de universidade condicionada
Mariana Barbosa referiu que na hora de escolher a universidade onde gostariam de ser colocados, muitos estudantes acabam por escolher um "local onde possam suportar as despesas".
Para a presidente da FAL um aluno ser colocado onde "a família consegue suportar as despesas" e não onde "o estudante quer ver a sua experiência académica ser retribuída manipula a missão do ensino superior".
De salientar que um estudo feito pelo Iscte revelou que estudar no ensino superior custa em média mensalmente a cada aluno 903,90 euros, sendo o “custo de vida” o maior responsável pelas despesas dos alunos. De acordo com os dados divulgados é no alojamento, alimentação e transportes que os estudantes mais gastam.
[Notícia atualizada às 16h07]
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