Jornalistas da Madeira denunciam "pressões" durante cobertura de incêndio

A Direção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas falou "num clima de pressões e restrições que estão a prejudicar a atividade dos jornalistas" e denunciou várias situações ocorridas nos últimos dias.

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Márcia Guímaro Rodrigues
22/08/2024 15:18 ‧ 22/08/2024 por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Sindicato dos Jornalistas

A Direção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas (DRM-SJ) denunciou, esta quinta-feira, "um clima de pressões e restrições que estão a prejudicar a atividade dos jornalistas que fazem a cobertura" dos incêndios na Madeira.

 

Num comunicado, assinado pelo presidente da direção Filipe Alexandre Gonçalves, refere-se que "as pressões atingem também os responsáveis pelos órgãos de comunicação social que são pressionados a desmentir notícias que depois confirmam-se serem verdadeiras".

Em causa está uma notícia avançada pelo DN Madeira, que dava conta de que havia sido ativado o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia e que a região iria "receber ajuda da Força Aérea de Espanha", nomeadamente que dois 'Canadair' espanhóis seriam utilizados no combate aos incêndios. 

Após a publicação da notícia, "fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de 'assassinato profissional', como refere o diretor, Ricardo Miguel Oliveira". No entanto, "duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira".

Outra situação aconteceu no sábado, quando jornalistas, operadores de imagem e fotojornalistas foram impedidos de entrar na freguesia do Curral das Freiras, dificuldade que "só foi superada após vários contactos para que pudessem permitir a passagem".

Já no domingo, aconteceu uma "situação idêntica", no sítio da Fajã dos Cardos, também no Curral das Freiras. Segundo denuncia o Sindicato dos Jornalistas, equipas da RTP Madeira e da CNN/TVI estiveram "em locais privados, a falar com moradores e foram obrigadas a abandonar o local"

"O jornalista da RTP Madeira ainda tentou saber por que motivo teria de abandonar o local e obteve como resposta: 'São as ordens que temos de não deixar a comunicação social ficar no local, só os moradores'", lê-se no comunicado, que acrescenta que não se entende a "dualidade de critérios na permissão de passagem na estrada encerrada" pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

"Permitiram um deputado do JPP circular, em ação de campanha, e impediram os jornalistas de passar para exercer a sua atividade: informar", atirou a Direção Regional da Madeira.

"A Direção Regional da Madeira entende que é necessário criar um perímetro de segurança para que as operações possam ser feitas com a máxima eficácia. Entende, também, que temos de salvaguardar as vidas, os bens pessoais e patrimoniais e que o jornalista não pode e nunca será um elemento perturbador nas operações de socorro. Sabemos os nossos direitos e deveres, e, em nosso entender, nada justifica estes comportamentos", lê-se ainda.

A Direção Regional da Madeira defendeu ainda não "aceitar que o acesso à informação – um dos direitos do jornalista no exercício da atividade – possa ser posto em causa" ou que os jornalistas "sejam alvo de pressões ou ataques à liberdade de informar".

PAN Madeira lamenta "atentado à liberdade de imprensa e à informação".

O PAN Madeira emitiu um comunicado sobre a denúncia, onde fez questão de expressar a "sua indignação" e "solidariedade" para com os jornalistas que denunciaram pressões e restrições no exercício da sua atividade.

"É um atentado à liberdade de imprensa e à informação, da mesma forma que temos de garantir as condições máximas para que os agentes de proteção civil desenvolvam o seu trabalho, também os jornalistas precisam de condições. A cobertura destas situações é fundamental para manter as pessoas devidamente informadas e podermos acompanhar a situação, sem ter que se deslocar ao local e colocar pessoas em riscos desnecessários", defendeu a deputada Mónica Freitas.

O partido lamentou ainda que tenha sido dado acesso livre a deputados em detrimento dos jornalistas. "Numa altura crítica, compreendemos que deva ser evitada a mobilização de pessoas desnecessárias ao terreno que não é o caso dos órgãos de comunicação social. Seria por isso, importante perceber porquê e como é que foi dado acesso a determinadas pessoas e qual a utilidade das mesmas nestas situações", lê-se num comunicado enviado às redações.

Leia Também: "A UE está ao lado de Portugal na luta contra incêndio na Madeira"

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