Um relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) sobre a queda de um helicóptero no rio Douro, que vitimou cinco militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), indicou que o piloto da aeronave desviou-se de "uma ave de médio porte" que estava "à mesma altitude e na trajetória do helicóptero" antes da queda.
De acordo com o relatório, divulgado esta terça-feira, "o centro de meios aéreos de Armamar recebeu ordem de missão para combate a um incêndio na zona de Baião, distrito do Porto", pelas 11h13.
Alguns minutos depois, às 11h20, "o piloto e uma equipa de cinco elementos da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, descolaram a bordo de um helicóptero AS350B3+ com registo EC-LBV". No entanto, às 11h30, foi "decidido o regresso da aeronave à sua base por não se justificar o emprego dos meios num incêndio com o perímetro já circunscrito".
Foi no regresso à base de Armamar, que a aeronave "iniciou uma descida constante" e sobrevoou a "margem esquerda" do Rio Douro, em direção à cidade de Peso da Régua.
"No decurso dessa descida, segundo as declarações do piloto, este terá observado uma ave de médio porte à mesma altitude e na trajetória do helicóptero, que o obrigou a executar um desvio à direita, retomando a rota logo de seguida", lê-se no relatório.
Pelas 11h32, a aeronave manteve a "descida em direção ao rio" e "colidiu com a superfície da água com uma velocidade em torno dos 100 nós (185 km/h) por motivos a determinar".
Fase final da trajetória da aeronave (estimada)© GPIAAF
"No processo de dissipação de energia ocorrido durante a colisão, o piloto, sentado à direita, e o ocupante da cadeira esquerda do cockpit foram projetados para fora da aeronave", lê-se ainda no relatório.
Segundo o GPIAAF, "as evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão".
"Da violenta colisão com a água, o helicóptero sofreu uma deformação da cabine incompatível com a sobrevivência dos seus ocupantes. A integridade estrutural ficou comprometida, libertando parte dos elementos de revestimento em material compósito", descreve o documento.
Os componentes de baixa densidade ficaram à superfície enquanto os restantes destroços assentaram no leito do rio "entre quatro e seis metros de profundidade numa área de aproximadamente 3.600 metros quadrados".
Esta terça-feira, o Ministério da Administração Interna anunciou, esta terça-feira, que a ministra Margarida Blasco assinou, na noite de segunda-feira, o "despacho que desencadeia a tramitação legal que conduz ao pagamento" de indemnizações aos familiares dos cinco militares.
Recorde-se que a bordo, aquando do acidente que aconteceu em Samodães, concelho de Lamego (Viseu), seguiam cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) da GNR, que perderam a vida, e o piloto, o único sobrevivente.
Durante a manhã de hoje procedeu-se à retirada da cauda do helicóptero do fundo do leito do rio, a qual foi transportada por uma embarcação com grua para o cais fluvial de Lamego e, daí, para o hangar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), no aeródromo de Viseu.
Ficou por recuperar outra peça considerada importante, designadamente o computador de navegação que tem o tamanho de um 'tablet'.
[Notícia atualizada às 18h35]
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