Luís Montenegro referiu-se à proposta feita pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, como "radical e inflexível", considerando que "quer substituir o programa do Governo pelo programa do PS".
Contudo, avançou, o Governo vai "tentar aproveitar parte daquilo que é proposto, com a legitimidade democrática que o Partido Socialista também tem" e, na próxima semana, entregará "uma contra-proposta, como tentativa de aproximar posições".
O chefe do Governo falava no encerramento da VII Cimeira do Turismo Português, no Palácio Nacional de Mafra, distrito de Lisboa.
Na sua intervenção, Montenegro referiu-se em concreto ao encontro que teve, horas antes, com Pedro Nuno Santos, e prometeu ser contido em relação ao conteúdo da reunião e não dizer "nada que prejudique" a "total disponibilidade e empenho" do Governo para ter um Orçamento do Estado.
"A bem do país, eu quero dizer-vos que a proposta que me foi endereçada e entregue pelo PS é efetivamente uma proposta radical e inflexível, porque quer fazer substituir o programa do Governo pelo programa do PS", criticou.
Contudo, o primeiro-ministro assegurou que, igualmente "a bem do país", o executivo irá "extrair o principal do pensamento político subjacente às propostas do PS" para fazer "um esforço de aproximação àquilo que é o programa do Governo".
"Na próxima semana, entregaremos ao PS uma contraproposta que será uma tentativa de aproximar posições, porque do nosso lado não há nem radicalismo, nem há inflexibilidade. Nós estamos mesmo empenhados em salvaguardar o interesse do país, o interesse das pessoas e o interesse das empresas", assegurou.
Horas antes, numa conferência de imprensa na sede nacional do PS, o secretário-geral do PS afirmou que recusa um Orçamento do Estado com as alterações ao IRS Jovem e IRC propostas pelo Governo ou qualquer modelação dessas medidas.
Em alternativa, Pedro Nuno Santos defende que a margem orçamental destinada ao IRS Jovem seja aplicada em investimento público para habitação da classe média, num aumento extraordinário de pensões e num regime de exclusividade para médicos no SNS.
O Governo defende que o IRS dos jovens até aos 35 anos desça para um terço (à exceção daqueles que têm rendimento ao nível do último escalão), com uma taxa máxima de 15%, e uma redução gradual do IRC até final da legislatura de 21 para 15%.
A primeira reunião entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos sobre o Orçamento do Estado para 2025 realizou-se hoje na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, e durou cerca de hora e meia, terminando com um aperto de mão público entre os dois.
Esta é a primeira reunião entre os líderes dos dois maiores partidos sobre o Orçamento do Estado para 2025, depois de duas rondas negociais entre Governo e partidos da oposição em que Montenegro não esteve presente (na primeira, por motivos de saúde, na segunda por opção do executivo), o que levou o secretário-geral dos socialistas a também não integrar a delegação do PS.
A proposta de Orçamento do Estado para 2025 tem de dar entrada na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP (partidos que suportam o executivo) somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.
[Notícia atualizada às 19h36]
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