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Manifestações sobre imigração cruzam-se em Lisboa. Há detidos

Decorrem, em simultâneo, duas manifestações na capital, uma contra a imigração, convocada pelo Chega, e uma de defesa das comunidades migrantes, convocada por vários coletivos. Há dois detidos.

Manifestações sobre imigração cruzam-se em Lisboa. Há detidos
Notícias ao Minuto

29/09/24 17:23 ‧ Há 3 Horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País Manifestações

Momentos de tensão foram vividos, neste domingo, quando duas manifestações sobre a imigração em Portugal se cruzaram em Lisboa, gerando confrontos.

 

Segundo a SIC Notícias, a Polícia de Segurança Pública (PSP) interveio, levando à realização de duas detenções. Contactada pelo Notícias ao Minuto para confirmar esta informação, a PSP remeteu eventuais balanços para mais tarde.

O primeiro momento de tensão aconteceu junto à igreja dos Anjos, mais ou menos a meio da Avenida Almirante Reis, onde um grupo de cerca de 20 jovens com a cara tapada esperava pela passagem da manifestação.

A polícia presente no local imediatamente formou um cordão de segurança para impedir qualquer contacto entre os dois grupos.

Os jovens de cara tapada mantiveram-se em silêncio, à medida que a manifestação passava, enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem, insultos ou cantavam o hino nacional.

Posteriormente, entre os Anjos e o Intendente, dois jovens foram detidos pela Polícia, como também constatou a Lusa no local.

Os dois jovens, um rapaz e uma rapariga, estariam a gritar '25 de abril sempre, fascismo nunca mais', quando uma pessoa da manifestação contra a imigração se dirigiu aos dois e os agrediu com um soco, foi possível apurar no local.

A Policia imobilizou os dois jovens, que foram detidos.

Na passagem pela zona do Intendente, um forte dispositivo policial impediu qualquer contacto entre os manifestantes e o grupo de cidadãos que estava no largo, com faixas pró-imigração.

Mais à frente, duas mulheres assistiam à passagem da manifestação de punho erguido, o que fez com que fossem insultadas, com várias agressões verbais pela idade e por serem mulheres.

"Eu, ao passar por aqui e ao ver isto, não podia ficar sem reagir", explicou Paula Godinho, acrescentando que poderia ter gritado palavras de ordem, mas que preferiu permanecer em silêncio para não acicatar os manifestantes.

Disse ter ficado chocada com a manifestação organizada pelo Chega, "pela ofensa aos imigrantes" e que rejeitar essas pessoas é "profundamente desumano".

"Simplesmente não tolero semelhante atitude em relação a quem procura este país", defendeu.

A Lusa tentou também falar com algumas das pessoas que integravam a manifestação, mas a maioria recusou-se a dar declarações, tendo conseguido falar apenas com dois manifestantes.

Miguel Cunha explicou à Lusa que veio hoje à manifestação porque "muitos imigrantes vêm receber subsidiodependência".

"Nós trabalhamos, descontamos, mas temos de descontar para nós e há muitas pessoas cá em Portugal que têm necessidades e muitas vezes dão benefícios aos estrangeiros. É isso que eu não aceito", apontou, ressalvando não ser contra os imigrantes que vêm para Portugal para trabalhar.

Já Rogério Monteiro disse que esteve na manifestação por "querer defender Portugal", apontando que "lutou em África por Portugal": "E vejo que Portugal está a esbarrar pelo cano de esgoto".

Para o manifestante, o problema está no "excesso de imigração", apesar de também afirmar não ser contra a imigração, desde que "controlada".

Na passagem pela zona do Intendente, um forte dispositivo policial impediu qualquer contacto entre os manifestantes e o grupo de cidadãos que estava no largo, com faixas pró-imigração.

Em declarações à agência Lusa, a porta-voz da iniciativa do Largo do Intendente frisou que se tratava de um "arraial festivo", centrado na celebração da diversidade, e não uma contra-manifestação ou reação à manifestação do Chega.

"Coincidiu e o que decidimos foi que na altura em que eles estivessem a passar iríamos reagir e foi uma coisa totalmente espontânea", explicou Maria João Costa, da Cozinha dos Anjos.

De acordo com a responsável, na altura em que a manifestação do Chega estava próximo do Largo do Intendente, quem estava no largo começou a gritar "racistas, fascistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora".

Maria João Costa disse que não temeu que houvesse confrontos entre as partes, não só pela presença dos vários elementos policiais, mas também, garantiu, porque quem estava no Largo do Intendente assumiu uma posição pacífica.

O "arraial festivo" no Intendente ainda decorre, com várias dezenas de pessoas dispersas pelo local e microfone aberto para quem quer intervir ou cantar.

Maria João Costa deixou ainda a garantia de que haverá mais iniciativas como esta, assumindo que querem formar um grupo que "sabe afirmar-se pela positiva".

[Notícia atualizada às 19h05]

Leia Também: Ventura fala "em dia histórico" na manifestação do Chega contra imigração

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