Estes alertas foram deixados pelos dois governantes na reta final das jornadas parlamentares conjuntas de PSD e CDS-PP, que terminam hoje na Assembleia da República.
Primeiro, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, começou por avisar que "não há nenhuma folga, não há margem de erro para executar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Se alguém pensar em introduzir eleições antecipadas neste percurso do PRR isto significa que o PRR não será executado. Eu garanto que não é possível executar o PRR se houver eleições", avisou o governante.
Castro Almeida deixou ainda um desafio direto aos socialistas.
"Desafio quem quer que seja, qualquer especialista do PS para me contrariar, eu tenho a certeza que não é possível executar o PRR neste cenário. Quem pensar mergulhar o país numa crise política tem que assumir a responsabilidade de que não haverá PRR", alertou.
Castro Almeida afirmou que "os amigos socialistas" tentam desde 2011 "descaracterizar" a imagem do PSD, colando-o à ideia de um "grupo de deputados que falam de cortes, ataques aos funcionários públicos, de austeridade, brutal aumento de impostos".
"Agora vem este Governo e eles veem acordos com professores, funcionários judiciais, enfermeiros, forças de segurança, baixa de impostos - vejam bem o atrevimento -, contas certas e eles ficam preocupados. E, portanto, acham que o melhor é deitar o Governo abaixo enquanto é tempo", sustentou o ministro.
Ou então, continuou, encostar os sociais-democratas "irremediavelmente à direita porque o coração é deles, a boa relação com funcionários públicos é deles, os reformados são propriedade deles".
"E qual é o pretexto? É porque queremos baixar impostos. É esse o nosso crime, é disso que somos acusados. E eles dizem 'isso é inaceitável para nós: temos uma alternativa, não baixem os impostos, aumentem a despesa'", afirmou, numa referência às propostas dos socialistas, que não aceitam o IRS Jovem e a descida de IRC.
O ministro Adjunto avisou, contudo, que um governo minoritário "tem que saber que tem que negociar" e apelou aos deputados para que façam "tudo o que está ao seu alcance" para garantir a estabilidade do país.
"Se mais ninguém pensar nisto nós, o Governo, nós a Aliança Democrática, temos que garantir estabilidade do país", afirmou.
Já o ministro Pedro Duarte, deixou um apelo direto ao PS para que "haja boa-fé e interesse em negociar", defendendo que "não é a sobrevivência dos líderes políticos que está em causa, é a vida dos portugueses".
"A negociação não se faz quando uma das partes diz: 'A minha posição é esta e não há mais conversa'. Nós todos temos de ceder, o Governo tem essa abertura, tem abertura para ceder, para negociar, para conversar, para encontrar pontos de aproximação entre as partes. Haja o mesmo do outro lado e o país vai ficar a ganhar", pediu.
Pedro Duarte disse que "parece haver lideranças políticas que, em nome não sabe muito bem de quê, querem criar um problema gigantesco ao país, querem gerar uma crise ao país, quando os portugueses manifestamente querem o contrário, querem o oposto".
"É muito importante que haja a humildade de ouvir os portugueses", disse.
O ministro dos Assuntos Parlamentares disse estranhar a "circunstância irónica e caricata" que o país vive, referindo que a proposta de Orçamento contestada não prevê cortes ou desinvestimento público mas "descida de impostos".
Pedro Duarte afirmou que o PS passou de ter como linha vermelha a extrema-direita para ter apenas duas medidas que não aceita no OE2025.
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