Ministro e CEMA dão corte em navio revolucionário concebido pela Marinha

Concebido pela Marinha Portuguesa, o navio D. João II, que será robotizado, começou hoje a sair do papel com o corte simbólico da primeira chapa, nos estaleiros da construtora, na Roménia, para entrar ao serviço em 2026.

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© Marinha Portuguesa

Lusa
03/10/2024 13:38 ‧ 03/10/2024 por Lusa

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Gouveia e Melo

o primeiro navio do mundo que foi desenhado para ser uma plataforma que suporta atividade robotizada e isso é que é a inovação conceptual e diferenciador", disse aos jornalistas o Chefe do Estado-Maior da Armada, (CEMA) Gouveia e Melo, em Galati, na Roménia.

 

O CEMA e o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, participaram hoje na cerimónia, que incluiu outra tradição da Marinha, nascida no tempo das caravelas, a soldadura de uma moeda de prata na estrutura do navio, "para dar sorte" e garantir aos marinheiros um regresso seguro a casa.

Este navio entrará ao serviço no último trimestre de 2026 e custará 132 milhões de euros (94,5 ME do PRR e 37,5 de comparticipação estatal), um custo baixo para o que consegue fazer, considerou Gouveia e Melo.

"Uma unidade tradicional, que custava seis vezes mais do que este navio conseguia controlar uma área de 40 milhas. Este navio pode controlar 500 milhas (1000 km à volta dele)", disse.

Além disso, "é um navio que tem uma arquitetura aberta" e uma estrutura modular, ou seja, pode servir diferentes propósitos, da investigação científica ao apoio em emergências, podendo transportar até 600 pessoas.

Financiado por fundos do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o navio não foi concebido como uma plataforma armada mas, tecnicamente, pode ser adaptado para tal e, de acordo com o ministro Nuno Melo, "as possibilidades são infinitas".

"No caso português, a génese e o destino é aquele que sabem, porque encaixa no PRR mas basta ter um bocadinho de imaginação e ver que as possibilidades são infinitas", disse.

Considerando que se trata de "um dia histórico", o governante sublinhou a capacidade do navio para transportar drones que, do ponto de vista militar, "são uma realidade que está para ficar e que, do ponto de vista do paradigma, muda tudo".

"Se quiséssemos pensar numa perspetiva militar, os drones são um dispositivo do presente e que não se pode ignorar no futuro", assinalou.

Na cerimónia, Nuno Melo considerou que, com este navio, "os olhos do mundo estão postos na Marinha portuguesa" e disse que o projeto "começa a ser copiado" por outras nações.

"Dois Melos dão este passo", disse, provocando risos na delegação portuguesa que participou na cerimónia.

O diretor comercial da Damen, a empresa construtora, Jan Wim Dekker, afirmou que o navio é um ponto de viragem no que diz respeito ao equipamento militar, inovador e "muito impressionante", adiantando que já recebeu manifestações de interesse de várias marinhas europeias.

O D. João II terá tecnologia de ponta para a monitorização dos oceanos e investigação oceanográfica mas também estará apto para operações de emergência, vigilância, investigação científica e tecnológica e monitorização ambiental e meteorológica, funcionando como um 'porta drones' aéreos, terrestres e submarinos.

Afirmando-se honrado por ter podido executar a soldadura da moeda na estrutura do navio, Gouveia e Melo contou que a ideia surgiu quando, há sete anos, foi necessário pensar "uma forma diferente de resolver um dilema português".

"A mapeação geoestratégica é fundamental. Tivemos que encontrar uma forma de multiplicar os recursos" de um país pequeno ou médio como Portugal, disse.

No final, Gouveia e Melo não quis responder se, quando o navio for entregue à Marinha, em 2026, gostaria de o receber na qualidade de CEMA ou de Comandante Supremo das Forças Armadas, pedindo: "Não se desfoquem. A minha vida pessoal não tem interesse para a capacidade do país. É um navio revolucionário".

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