"Numa fase em que o Governo diz que pretende valorizar o setor, o SJ considera infelizes e desinformadas as criticas do primeiro-ministro ao jornalismo e ao trabalho dos jornalistas", defendeu, em comunicado, a estrutura sindical.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou hoje que pretende em Portugal um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas.
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, já veio esclarecer que estas afirmações devem ser interpretadas "no sentido positivo" da valorização destes profissionais.
Para o sindicato, estas declarações "em nada dignificam a profissão", contribuindo para um clima de suspeição, que o SJ lamentou e rejeitou.
"Tais palavras tornam-se ainda mais incompreensíveis porque geram desconfiança sobre o trabalho dos jornalistas e minam a credibilidade dos órgãos de comunicação social", vincou.
O SJ referiu ainda que o Plano de Ação para a Comunicação Social, apresentado pelo Governo, contempla o desmantelamento da RTP, "sob a capa" do serviço público, ao prever o corte da publicidade e despedimentos.
Em causa, disse, está o corte da publicidade e o anúncio de despedimentos, "com o eufemismo de saídas voluntárias".
O projeto tem medidas que podem beneficiar o setor, mas "é curto" para a emergência que se vive, apontou.
O Governo apresentou hoje o seu Plano de Ação para a Comunicação Social, composto por 30 medidas, divididas em quatro eixos -- Regulação do Setor, Serviço Público Concessionado, Incentivos ao Setor, Combate à Desinformação e Literacia Mediática.
Entre estas medidas está o fim da publicidade na RTP e um programa de saídas voluntárias, que poderá abranger um máximo de 250 pessoas, sendo que será contratado uma nova pessoa por cada duas que saírem.
O presidente da RTP já defendeu que o fim da publicidade "significa perda de relevância" da empresa e recordou que esta muitas vezes serviu de estabilizador do mercado publicitário.
No documento, o sindicato reforçou ainda que o Governo acomodou propostas referentes à comparticipação das assinaturas digitais e de ofertas aos alunos, contudo quer um plano de literacia generalizado e acompanhado "de uma grande campanha de publicidade e de divulgação da importância do jornalismo".
No âmbito ao incentivo da contratação de jornalistas, o Governo anunciou a atribuição, mediante candidatura, de um montante entregue às empresas pela contratação de mais jornalistas com vínculo sem termo, com uma retribuição mínima obrigatória de 1.120 euros.
"Sendo claramente a favor da remuneração de qualquer trabalho e do aumento expressivo dos salários dos jornalistas, o SJ não pode deixar de notar que o vencimento proposto para um estagiário da IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional] é superior ao salário pago a muitos jornalistas em várias redações deste país", acrescentou.
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