O ex-banqueiro Ricardo Salgado já chegou ao Campus da Justiça, em Lisboa, para o arranque do julgamento do caso BES. Acompanhado da mulher e do advogado, o principal arguido do caso, claramente debilitado, foi recebido com grande aparato, e foi confrontado por um dos lesados do Banco Espírito Santo, que estão hoje em protesto no local.

"Pedimos responsabilidades ao Banco de Portugal, Novo Banco, CMVM, a um grupo de trabalho liderado pelo Diogo Lacerda Machado, que fizeram uma solução para os lesados sem consulta de nenhum lesado, se nós tinhamos uma provisão deixada por Ricardo Salgado! Esses senhores aproveitaram-se da solução deixada pelo grupo de trabalho para tratar da vida deles! Para os bolsos deles!", gritou Jorge Novo, de 68 anos, um dos lesados do papel comercial do BES e que tem comparecido frequentemente junto ao tribunal nos casos que envolvem o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

Antes, o mesmo lesado já tinha confrontado o arguido Francisco Machado da Cruz, travando a entrada do antigo contabilista do Grupo Espírito Santo (GES) para o julgamento do processo BES/GES, ele que chegara momentos antes de Salgado ao Juízo Central Criminal de Lisboa.

Os representantes dos lesados do Banco Espírito Santo estão hoje em protesto junto ao Campus de Justiça, com um carro funerário onde colocaram uma fotografia de Ricardo Salgado, a marcar o arranque do julgamento.

Deslocando-se devagar, com a ajuda da companheira, Maria João Salgado, e do advogado Francisco Proença de Carvalho - que prometeu declarações no final da sessão de julgamento - Ricardo Salgado chegou ao Campus de Justiça pelas 9h25.

Recorde-se que a defesa do ex-banqueiro pediu a dispensa de marcar presença no julgamento, devido ao diagnóstico de doença de Alzheimer e a uma evolução desfavorável das condições de saúde, mas o tribunal recusou o pedido nos moldes em que foi apresentado.

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.

Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.

[Notícia atualizada às 10h00]

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