Ricardo Salgado, o principal arguido do (extenso) caso que visa o Banco Espírito Santo e o Grupo Espírito Santo (BES/GES), foi, esta terça-feira, ouvido no Juízo Criminal de Lisboa, no dia em que arrancou o julgamento ao caso, que aglomera 18 arguidos, 300 crimes e 733 testemunhas.
O antigo banqueiro, que foi diagnosticado com doença de Alzheimer, foi o principal foco mediático na manhã desta terça-feira, mantendo-se no ar a questão sobre se seria capaz, ou não, de responder às questões da Justiça, devido à sua condição de saúde. A Defesa já apresentou, aliás, um requerimento para ver anulado o início do julgamento, com base na doença do arguido.
Uma vez no interior do tribunal, segundo revelou a sua equipa de advogados, Salgado soube dizer o seu nome completo, mas, quando chegou a altura de dizer o nome da mãe, cometeu um erro nos seus apelidos. Ficaram também sem resposta as questões sobre a sua morada atual e a sua data de nascimento.
Depois de ter sido oficialmente identificado, e a pedido dos seus advogados, Salgado foi autorizado pelo tribunal a deixar a sala de audiência pelas 10h25.
A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado pediu hoje no início do julgamento do processo BES/GES para que o tribunal faça já a sua identificação formal, dispensando-o de seguida de ficar presente na sessão e de comparecer nas seguintes.
Lusa | 10:22 - 15/10/2024
A polémica já tinha, porém, começado no exterior do edifício, quando o ex-banqueiro - que estava acompanhado pela mulher, Maria João Salgado -, foi confrontado por um dos lesados do banco que se manifestava perante o tribunal.
"Pedimos responsabilidades ao Banco de Portugal, Novo Banco, CMVM, a um grupo de trabalho liderado pelo Diogo Lacerda Machado, que fizeram uma solução para os lesados sem consulta de nenhum lesado, se nós tínhamos uma provisão deixada por Ricardo Salgado! Esses senhores aproveitaram-se da solução deixada pelo grupo de trabalho para tratar da vida deles! Para os bolsos deles", gritou Jorge Novo, de 68 anos, cara conhecida dos protestos dos lesados do BES, que marcaram presença junto ao Campus da Justiça, nesta terça-feira, com um carro funerário.
Representantes dos lesados do Banco Espírito Santo estão hoje em protesto junto ao Campus de Justiça, em Lisboa, com um carro funerário onde colocaram uma fotografia de Ricardo Salgado, no dia do início do julgamento do caso BES.
Lusa | 09:21 - 15/10/2024
O dia em que foi aberta uma "página negra na Justiça portuguesa"
"Ninguém quer repetir este cenário", prometeu em declarações aos jornalistas o advogado Francisco Proença de Carvalho, lamentando que, nesta terça-feira, foi aberta "uma página negra na Justiça portuguesa". "Esta pessoa não tem condição nenhuma de sobrevivência num ambiente deste género", considerou.
Ex-banqueiro não soube dizer a morada e enganou-se no nome da mãe. Já a defesa deixou duras críticas à justiça.
Tomásia Sousa | 10:27 - 15/10/2024
De lembrar que o antigo presidente do BES responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014. Entre os crimes imputados contam-se um de associação criminosa, 12 de corrupção ativa no setor privado, 29 de burla qualificada, cinco de infidelidade, um de manipulação de mercado, sete de branqueamento de capitais e sete de falsificação de documentos.
Além de Ricardo Salgado, estão também em julgamento outros 17 arguidos, nomeadamente Amílcar Morais Pires, Manuel Espírito Santo Silva, Isabel Almeida, Machado da Cruz, António Soares, Paulo Ferreira, Pedro Almeida Costa, Cláudia Boal Faria, Nuno Escudeiro, João Martins Pereira, Etienne Cadosch, Michel Creton, Pedro Serra e Pedro Pinto, bem como as sociedades Rio Forte Investments, Espírito Santo Irmãos, SGPS e Eurofin.
Segundo o Ministério Público - que diz que Salgado "logrou apropriar-se do património de terceiros" -, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
Leia Também: Defesa de Salgado entrega requerimento para anular início do julgamento
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