"A equipa de investigação estudou o hipocampo e o córtex entorrinal -- regiões do cérebro cruciais para a memória e a aprendizagem -- em indivíduos submetidos a procedimentos clínicos", disse a UC, em nota enviada à agência Lusa.
O primeiro autor do estudo e investigador do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC, Pawel Tacikowski, citado na nota, referiu que "a capacidade de reconhecer padrões e antecipar potenciais eventos futuros é uma parte essencial da aprendizagem humana".
Segundo a UC, estudos anteriores recorreram a técnicas de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional, para estudar a forma como estes processos ocorrem no cérebro.
"No entanto, este tipo de métodos não permite uma observação direta da atividade neuronal".
Já neste estudo, recentemente publicado na revista Nature, os investigadores conseguiram registar a atividade neuronal de células individuais em tempo real, permitindo uma nova compreensão dos processos de codificação cerebral.
Os participantes no estudo visualizaram uma série de imagens numa sequência específica, sem que lhes tivesse sido dito para memorizarem ou preverem nada.
"Surpreendentemente, os neurónios do hipocampo e do córtex entorrinal ajustaram gradualmente a sua atividade para refletir o padrão subjacente, mostrando que o cérebro foi capaz de aprender implicitamente a estrutura da sequência e construir um mapa mental de 'quando' e 'o quê' se seguiria", afirmou a UC.
Os investigadores observaram também que os neurónios ativaram o mesmo padrão espontaneamente: pensa-se que esta atividade de repetição é a forma como o cérebro consolida a aprendizagem.
Os resultados obtidos permitem compreender melhor como o cérebro codifica e memoriza a sequência das experiências vivenciadas, combinando informação sobre "o que" acontece e "quando", permitindo assim antecipar comportamentos futuros.
Além do primeiro autor, Pawel Tacikowski, são coautores do estudo os investigadores Gu¨ldamla Kalender, Davide Ciliberti, e Itzhak Fried.
A investigação decorreu na Universidade da Califórnia, Los Angeles (Departamento de Neurocirurgia), no Instituto Karolinska (Departamento de Neurociências) e na UC.
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