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Um detido e autocarros a arder: 2.º dia de tensão após morte na Amadora

Detido estava na posse de material combustível. Além disso, um segundo autocarro ardeu hoje à noite na região de Lisboa e há "focos de desordem" em várias zonas.

Notícias ao Minuto

22/10/24 22:29 ‧ Há 1 Hora por Notícias ao Minuto com Lusa

País PSP

A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou que uma pessoa foi detida, esta terça-feira, no Bairro do Zambujal, na Amadora, onde ao final da tarde um autocarro ficou completamente destruído após ter sido incendiado, na sequência dos distúrbios provocados pela morte de um morador, baleado na segunda-feira pela força de segurança, no Bairro da Cova da Moura. 

 

Em declarações aos jornalistas, o superintendente Manuel Gonçalves, chefe da Área Operacional da PSP de Lisboa, adiantou que esta pessoa foi detida por "posse de material combustível".

O responsável confirmou ainda que um segundo autocarro da Carris ardeu fora da área do Bairro do Zambujal, mais especificamente no bairro da Portela, em Carnaxide, concelho de Oeiras, embora não consiga confirmar que ambas as ocorrências estejam relacionadas.

"Estão meios policiais no local. A situação está devidamente controlada", disse, frisando que "tudo indicia" que esta ocorrência esteja relacionada com a registada esta tarde, mas sem "segurança", uma vez que o incidente está a ser investigado e não há ainda detenções. Não há registo de feridos.

No Bairro do Zambujal a "situação está tranquila" neste momento. De acordo com o superintendente Manuel Gonçalves, os meios da PSP estão dispersos em vários pontos do concelho da Amadora e arredores, devido aos desacatos.

"Temos registo de várias comunicações falsas [para incêndios]. Apelo a todos que não entrem em brincadeiras e não desviem a atividade da polícia porque alguma pode ser verdade", vincou.

O responsável garantiu ainda que as forças policiais estão a investigar para encontrar os responsáveis pelos desacatos, recorrendo ao auxílio das imagens de videovigilância do concelho.

À Lusa, fonte policial disse que os desacatos espalharam-se hoje à noite a várias zonas de Lisboa. Além de Carnaxide, há também distúrbios em Casal de Cambra (Sintra) e Damaia (Amadora). 

"Há focos de desordem em várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa", referiu a mesma fonte.

No bairro da Portela, Carnaxide, registaram-se ainda disparos de tiros, alguns dos quais da parte da PSP, que utilizou balas de borracha e que já conseguiu entrar no bairro. Neste local, além do autocarro,  foram também incendiados vários caixotes do lixo e uma viatura ligeira, disse fonte da PSP.

Ainda não foram detetados suspeitos de roubar e incendiar autocarro no Bairro do Zambujal

Poucos minutos antes das declarações do superintendente, a PSP havia divulgado um comunicado na qual também falava na detenção efetuada. 

Além disso, na nota da Direção Nacional da PSP, a força de segurança confirmava que, depois dos distúrbios ocorridos durante a madrugada, na sequência da morte de um morador baleado pela PSP na Cova da Moura, ao final da tarde voltaram a ocorrer "situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal", nomeadamente "um episódio grave de violência urbana", com o roubo de um autocarro da Carris que foi incendiado.

"Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio", refere a PSP, em referência à detenção.

Na nota, a PSP reitera lamentar a morte de Odair Moniz, que está a ser investigada pelas autoridades judiciárias, e deixa "uma palavra de solidariedade" aos dois polícias envolvidos no incidente e a todos os agentes envolvidos na reposição e manutenção da ordem pública no concelho de Amadora.

"A PSP está empenhada em repor a tranquilidade no Bairro do Zambujal, na Amadora, pelo que apelamos à calma de todos os cidadãos, estando ainda a PSP apostada em manter as parcerias de muitos anos com as comunidades no concelho da Amadora", refere a direção nacional da força de segurança.

Contudo, é acrescentado, não serão tolerados "atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade".

Bairro do Zambujal?

Bairro do Zambujal? "PSP repudia e não tolerará os atos de desordem"

Uma pessoa foi detida hoje à noite por posse de material combustível no Bairro do Zambujal, na Amadora, onde ao final da tarde um autocarro ficou completamente destruído após ter sido incendiado, revelou a PSP.

Lusa | 22:42 - 22/10/2024

Moradores exigem justiça

Recorde-se que um autocarro ficou hoje ao final da tarde completamente destruído no bairro do Zambujal, no cruzamento das ruas das Galegas e do Cerrado do Zambujeiro.

Segundo relatou à Lusa uma moradora, o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura. Foram também ouvidas explosões e disparos, perto de prédios de habitação no interior do bairro.

Equipas de Prevenção e Reação Imediata (EPRI) e de Intervenção Rápida (EIR) da PSP, que se encontravam na Praça São José, num dos acessos ao Zambujal, deslocaram-se nessa altura para o interior do bairro, dispositivo pouco depois reforçado com quatro carrinhas e outra viatura da Unidade Especial de Polícia.

Ainda durante a tarde, moradores do Zambujal promoveram uma concentração no bairro para exigirem "justiça" pela morte de Odair Moniz, na madrugada de segunda-feira.

Os manifestantes acabaram por desmobilizar após cerca de 20 minutos, mas ao longo da tarde continuaram-se a escutar petardos a rebentar no interior do bairro.

O que está em causa?

Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram "dois tiros num trabalhador desarmado".

Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.

[Notícia atualizada às 00h02]

Leia Também: Câmara da Amadora apela à "manifestação pacífica" depois de desacatos

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