À Lusa, o Ministério das Infraestruturas, a quem caberá coordenar o projeto, informou que "o Governo irá priorizar o contacto com os autarcas dos municípios envolvidos" e só depois destes contributos divulgará pormenores sobre a requalificação.

"Não conhecemos qualquer projeto, horizonte temporal de atuação e conteúdos funcionais para a reconversão daquele território do Aeroporto. Considerando que grande parte se situa no município de Loures, mantemo-nos expectantes pelo agendamento de reuniões para participar na discussão do projeto, dado o papel importante que Loures deve ter e de que não abdicará", indicou o município de Loures, numa resposta enviada à Lusa.

Na nota, a Câmara de Loures destaca ainda que "anúncios semelhantes" ao do primeiro-ministro e presidente do PSD no encerramento do congresso do partido, em Braga, no passado fim de semana, "foram feitos em maio pelo ministro das Infraestruturas", Miguel Pinto Luz.

Além de um futuro projeto para os terrenos que forem desocupados pelo aeroporto Humberto Delgado, o município salientou que terá igualmente atenção aos projetos para as margens do rio Tejo, visto que Loures também possui uma grande área de frente ribeirinha.

Em resposta à Lusa, o Ministério das Infraestruturas assegurou que os contributos dos autarcas "serão importantes para enriquecer um projeto de larga escala que terá forte impacto na transformação urbana destes municípios".

"Só depois de auscultar as entidades territoriais que serão parte integrante deste projeto, os pormenores da Parque Humberto Delgado serão divulgados", realçou, numa resposta escrita.

No domingo, o primeiro-ministro anunciou o que classificou como um "grande projeto de reabilitação da Área Metropolitana de Lisboa" (AML), para "erguer uma metrópole vibrante e homogénea" nas duas margens do rio Tejo.

Luís Montenegro falou de um plano, desenvolvido em três polos, que passará pela criação de uma Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana, a que o Governo dará o nome de Parque Humberto Delgado, e que "será o instrumento para pensar, projetar e ordenar o Arco Ribeirinho Sul nos municípios de Almada, Barreiro e Seixal".

Um segundo polo será o Ocean Campus, entre o vale do Jamor e Algés, nos municípios de Lisboa e Oeiras, e o terceiro irá aproveitar os terrenos que serão libertados com o fim do atual aeroporto Humberto Delgado, nos municípios de Lisboa e Loures.

Na terça-feira, o presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Basílio Horta, afirmou ter sido "surpreendido" pelo facto de o Conselho Metropolitano de Lisboa não ter sido informado previamente e disse que o projeto de reabilitação da AML anunciado pelo primeiro-ministro "já tem mais de 20 anos".

"Este projeto do senhor primeiro-ministro já tem mais de 20 anos. Eu lembro-me que há mais de 20 anos já se falava no Arco Ribeirinho Sul e houve várias tentativas de realizar aquilo que o senhor primeiro-ministro agora anunciou. O método variou, mas o objetivo era esse: aproveitar terrenos disponíveis para fazer uma espécie de unidade de execução e um plano de gestão daquele território", disse.

O presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa referiu ainda que "tudo aquilo que é fomentar o investimento" tem a sua concordância, mas ressalvou que, dentro da área metropolitana, "há outras zonas, outras regiões e outros concelhos que necessitam de particular atenção".

Também os presidentes dos concelhos de Barreiro, Seixal e Almada se mostraram surpreendidos pelo anuncio do projeto, que desconheciam.

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