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Extremismo cresce em Portugal porque vende "sonhos de forma manipulada"

O influenciador digital e empresário luso-brasileiro Felipe Neto considera que a representação da extrema-direita ganhou força em Portugal porque os seus partidários vendem o sonho de progresso unindo fé e empreendedorismo de forma mentirosa e manipulada.

Extremismo cresce em Portugal porque vende "sonhos de forma manipulada"
Notícias ao Minuto

26/10/24 10:42 ‧ Há 2 Horas por Lusa

País Felipe Neto

Falando sobre a política interna e a ascensão do Chega nas últimas eleições legislativas, o influenciador, que tem 46,7 milhões de inscritos no seu canal do YouTube, facto que o coloca entre os maiores criadores de conteúdos da plataforma em todo o mundo, avaliou que o país corre o risco de trilhar o mesmo caminho que o Brasil e os Estados Unidos, onde a extrema-direita é muito forte, ou de vizinhos europeus como a Hungria e a Itália, onde os representantes dessa corrente ideológica já estão no poder.

 

"Portugal, por ter um histórico de esquerda, por ter um histórico de resistência, pelo menos na história recente política portuguesa, conseguiu ter uma resistência um pouco maior, não sucumbiu rapidamente como o Brasil, os Estados Unidos e outros países europeus. Portugal conseguiu segurar o Chega ainda como terceira força [na Assembleia da República], mas eu acredito que o natural é que o Chega continue a crescer justamente porque é um partido de extrema-direita que vende um sonho", disse Felipe Neto.

"Antigamente, quem vendia um sonho [para a população] era a esquerda. A esquerda vendia um ideal de sociedade para a gente imaginar e correr atrás [buscar]. Hoje, quem está vendendo esse sonho de maneira manipulada, mentirosa e criminosa é a extrema-direita, individualizando as pessoas e vendendo esse sonho através dos discursos que misturam a fé e o empreendedorismo", acrescentou.

"São dois os mecanismos de manipulação da extrema-direita para a venda desse sonho. É a fé e o empreendedorismo. E, dessa forma, eles manipulam as pessoas e as levam a acreditar que existe um grande complô comunista para impedir o progresso delas, uma força que quer fazer a sociedade permanecer subserviente aos interesses dos poderosos e vendem toda essa 'verborragia' mentirosa de teorias da conspiração para atrair cada vez mais pessoas", reiterou.

Para combater esse problema, Felipe Neto disse acreditar que retribuir às agressões sofridas não é o melhor caminho, mas sim deixar que a extrema-direita fique como "autora dessa 'verborragia', dessas mentiras, dessa gritaria", enquanto as pessoas atacadas e os seus aliados devem atuar com firmeza para mostrar os factos e construir uma outra narrativa sob a ótica da verdade.

O empresário luso-brasileiro também considerou que enquanto as sociedades não forem capazes de fazer com que as pessoas escapem das armadilhas dos discursos de ódio não será possível enfrentar o problema porque a venda do sonho de sucesso e de um passado idealizado é muito poderosa. 

"Portugal, acredito eu, tende a, assim como o Brasil, piorar para melhorar. Não sei se o Chega vai chegar ao poder, mas Portugal corre um risco disso acontecer sim, principalmente se continuar fechando os olhos para o cometimento de alguns crimes específicos, como os crimes de racismo", pontuou. 

"Às vezes, acho que Portugal acaba sendo muito leniente, muito permissivo com crimes de racismo, com crimes de xenofobia, o que para mim é uma grande vergonha. Me envergonho como português porque tenho mais família em Portugal do que no Brasil. O facto de eu ser brasileiro foi um acaso, minha família [materna] é toda de Portugal, minha mãe era para ser portuguesa mas, por acaso, nasceu numa das viagens dos meus avós ao Brasil", completou Felipe Neto. 

O influenciador referiu que Portugal e a França são países que têm partidos e líderes alinhados a uma direita mais sólida e não extremista, que conseguiram resistir à ascensão da extrema-direita com sucesso em eleições recentes. 

"Esses países conseguiram manter a extrema-direita como uma terceira força. Isso aconteceu também na França, embora a extrema-direita tenha virado a segunda força (...) Em Portugal, enquanto isso acontecer, enquanto a direita continuar com alguma força e a esquerda continuar com a sua presença talvez consigam impedir o Chega de dominar tudo", concluiu. 

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