"Os casos que têm acontecido estão, muitas vezes, relacionados com ausência de transporte público para chegar ao aeroporto, o 'handling' [assistência em aeroportos], começa muito cedo e acaba muito tarde, [...] estas pessoas, às vezes, vão para o aeroporto na véspera", afirmou Thierry Ligonnière, que foi ouvido na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, a pedido do Chega, para esclarecimentos sobre o funcionamento e a segurança nos aeroportos.
O presidente executivo da ANA disse que teve conhecimento destes casos de trabalhadores da Menzies (antiga Groundforce) através do requerimento para a audição de hoje e vincou que tal não se verifica nem na empresa que lidera, nem na Portway, a outra empresa de 'handling', da qual a ANA é a única acionista.
"Não é uma situação satisfatória, dormir no sítio onde trabalhamos, é preciso encontrar soluções e a ANA está a analisar com a comunidade aeroportuária uma forma de chegar ao aeroporto muito cedo, para as pessoas evitarem soluções que não são dignas", avançou Thierry Ligonnière.
O responsável da gestora aeroportuária vincou que a assistência a companhias aéreas é uma atividade de "muito pouca margem económica, num contexto bastante concorrencial" e com salários baixos.
"Fica assegurado que aquilo que possamos fazer para evitar estas situações, fá-lo-emos, nomeadamente em relação à parte dos transportes, [...] assegurando a sustentabilidade económica da empresa, porque é o que está também aqui em jogo, a manutenção do emprego", acrescentou.
Já questionado sobre se os aeroportos nacionais são seguros, o presidente executivo da ANA garantiu que a segurança é a primeira prioridade de todos os intervenientes na aviação civil.
Sobre a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), cujas funções de controlo de passageiros à entrada e saída dos aeroportos passaram a ser asseguradas pela Polícia de Segurança Pública (PSP), Ligonnière admitiu que houve algumas dificuldades na transição.
"Do ponto de vista da gestão aeroportuária o que é importante não é a entidade que gere [o controlo de fronteiras], é o tempo que os passageiros demoram a passar neste controlo. Ainda não estamos lá, as coisas estão a melhorar pouco a pouco, os nossos parceiros estão empenhados em fornecer o melhor serviço possível com os recursos que eles têm", apontou o responsável.
Leia Também: Efeitos da privatização da ANA "vão muito para lá" do encaixe financeiro