"Ficou para nós claro que o sucesso desta operação dependerá em exclusivo da perícia do motorista", indica a chefe da divisão municipal de trânsito da Polícia Municipal.
No relatório, a que Lusa teve hoje acesso, a Polícia Municipal acrescenta ainda que se deve ter em conta "o 'stress' a que [os motoristas] estão sujeitos em dias normais de transito".
O documento, datado de 30 de outubro, um dia depois de a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) ter realizado testes no canal do metrobus, aponta "fragilidades do ponto de vista securitário" nas alterações do sentido de trânsito e paragem junto às estações.
Os testes foram realizados com dois autocarros standard elétricos da STCP, que fizeram o percurso Praça do Império/Rotunda da Baovista e Rotunda da Boavista/Praça do Império (parcialmente coincidentes com o trajeto da Linha 203).
Entre as fragilidades, a Polícia Municipal destaca a "possibilidade de invasão da via normal de circulação", quando o autocarro toma a via de sentido contrário para parar junto à estação.
No entanto, diz ser "possível abordar a estação pela via contrária, minimizando a intrusão na via de trênsito normal em sentido contrário, a uma velocidade muito reduzida (5 km/h) e com todos os cuidados necessários a ser observados pelos motoristas".
A Polícia Municipal alerta também que, entre o autocarro e as plataformas das estações, "fica uma distância demasiado grande, criando um grave perigo para os utilizadores, principalmente os mais idosos, de mobilidade mais reduzida ou com campo de visão comprometido".
"Mais uma vez, a redução da possibilidade de queda depende exclusivamente da capacidade do motorista de conseguir aproximar o veículo do cais de embarque", assinala.
O relatório conclui ainda que "não estão reunidas as condições de segurança para o funcionamento da estação da Casa da Música" e insta à sua desativação.
Segundo a Polícia Municipal, os autocarros teriam de sair do canal do metrobus e entrar em sentido contrário na rotunda da Boavista, o que criaria "graves constrangimentos de trânsito e de perigo para a circulação, violando reiteradamente princípios e regras de circulação automóvel".
Além de desativada a estação, a Polícia Municipal alerta que deve ser acautelada sinalização luminosa para a saída dos autocarros do canal do metrobus e entrada na Avenida da Boavista.
Simultaneamente, considera que deve ser reavaliada a capacidade da praça de táxis com 12 lugares existente antes da paragem já em funcionamento na rotunda junto ao tabernáculo.
A utilização desta paragem pela linha 203 "impossibilitará qualquer praça de táxis antes da mesma, uma vez que a viatura terá de ser reposicionada na respetiva baía de paragem", lê-se no documento que será enviado ao grupo de trabalho da Assembleia Municipal.
No relatório são também assinaladas fragilidades ao nível da sinalização do próprio canal do metrobus.
Segundo a Polícia Municipal, a sinalização que determina o sentido proibido, exceto para o metrobus, deverá ser pintada no pavimento ou colocada em pórticos elevados ao longo da Avenida da Boavista, uma vez que a largura das vias impede a colocação do respetivo sinal.
Apela-se também a que se alterem os sinais colocados junto às plataformas das estações e que se acautelem mais cerca de 10 a 15 metros da linha descontínua, para que os motoristas possam chegar às plataformas das estações.
Por fim, a Polícia Municipal solicita esclarecimentos sobre o funcionamento do sistema de captação de imagens (CCTV) e os seus critérios legais, nomeadamente, quem irá monitorizar o 'stream' de vídeo.
O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
Os veículos definitivos do serviço custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.
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