O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou a escusar-se a comentar o caso do navio Nysted MAERS, que estará envolvido num "esquema ilegal de abastecimento de armas" para Israel, e que atracou no porto de Lisboa, na noite de sábado. O chefe de Estado realçou, este domingo, que tem "estado ocupado" e que, por isso, ainda falou com o Governo sobre o tema.
"Tenho estado ocupado. [...] O Presidente da República tem estado envolvido noutras atividades", disse, em declarações à imprensa.
Marcelo ressalvou, contudo, que falará com o Executivo "logo que possa".
Já no sábado, o chefe de Estado escusou-se a comentar a questão por se tratar de "um tema sensível".
"Já ouvi várias versões, mas não me vou pronunciar sobre uma matéria que é muito específica, muito sensível, num momento sensível sobre um tema sensível que diz respeito ao conflito em curso no Médio Oriente", disse, apontando que poderá "estar ou não preocupado, conforme a matéria que apurar".
Antes, o Ministério das Infraestruturas e Habitação reforçou que não proibiria a entrada do navio no porto de Lisboa, tendo em conta as informações que obteve através do manifesto de carga e das declarações prestadas pelo armador e outras autoridades.
Segundo o Governo, a embarcação pediu autorização para atracar em Lisboa para descarregar 144 contentores, que incluíam automóveis, roupa, alimentos, sementes, mobiliário, cerâmica, copos de vidro, champôs e sabões, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e diversos metais (lingotes de cobre, granalha de ferro, ligas à base de cobre-zinco).
E reiterou: "Foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos."
O navio Nysted MAERS deixou Lisboa esta manhã de domingo, pelas 6h30, segundo vários sites de controlo de tráfego marítimo consultados pelo Notícias ao Minuto. A embarcação, que tem bandeira de Hong Kong, atracou no porto da capital portuguesa por volta das 20h30 de ontem, depois de ter sido redirecionada para Portugal face às proibições impostas em Espanha, pelas 00h46 de sábado.
Recorde-se que a denúncia partiu do Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que deu conta de que o navio esteve envolvido, durante meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, através do uso do porto espanhol de Algeciras.
Até agora, segundo o BDS, o navio usava aquele porto para descarregar armamento que, depois, seria levado até Israel noutros navios. No entanto, o Governo espanhol terá proibido a utilização do porto e, por isso, a solução passou a ser Portugal.
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