Montenegro reitera que há menos 89% de alunos sem aulas e afasta críticas

O Ministério da Educação adiantou que o número de alunos sem professor a pelo menos uma disciplina tinha diminuído 90% em relação ao ano passado. O valor foi contestado pela oposição, mas o primeiro-ministro assegurou que já foi possível atingir os "89% de diminuição".

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Notícias ao Minuto com Lusa
22/11/2024 13:48 ‧ 22/11/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

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Primeiro-ministro

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegurou, esta sexta-feira, que há menos 89% de alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, comparando com o final do período do ano passado, um número que já foi contestado pela oposição.

 

"Temos hoje mais cinco mil novos professores no sistema, fruto de condições de maior atratividade", disse aos jornalistas à margem de uma visita à Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa, acrescentando que, graças às novas medidas do Governo, foi também possível "chamar para a docência várias pessoas que não estavam na docência".

Sobre a falta de professores nas escolas, Montenegro afirmou que foram acolhidos "mais 200 novos docentes no Algarve e mais 1.200 novos docentes na região de Lisboa", algo que "contribui de forma muito significativa para a redução do impacto face ao ano anterior".

O Governo tinha colocado como objetivo reduzir em 90% o número de alunos sem professor a pelo menos uma disciplina até ao final do primeiro período e, de acordo com o primeiro-ministro, apesar de se tratar de um "objetivo muito ambicioso e difícil de cumprir em tão curto espaço de tempo", já foi possível atingir os "89% de diminuição".

"É um objetivo muito ambicioso, é um objetivo de facto muito difícil de atingir, e atingir em tão curto espaço de espaço. Mas hoje estamos praticamente dentro do objetivo: para ser rigoroso, andaremos na casa dos 89% de diminuição", salientou.

Esta sexta-feira, o jornal Expresso adiantou que "há 2.338 alunos que ainda não tiveram aulas a pelo menos uma disciplina, o que representa uma diminuição de 90% face aos quase 21 mil que se mantinham nessa situação no final do primeiro período do ano passado".

No entanto, o Partido Socialista (PS) contestou os dados e acusou o Ministério da Educação de falta de seriedade e alegou que está a comparar realidades distintas entre 2023 e o presente que não são comparáveis.

"São dois universos distintos. O que o ministro da Educação [Fernando Alexandre] fez foi comparar o número de alunos que, em 2023, numa fotografia, estava sem aulas num dado dia com o número de alunos que, desde o início do ano letivo, estive continuamente sem aulas, quer em 2023, quer agora", sustentou a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, em conferência de imprensa.

Alunos sem aulas? PS acusa Ministério da Educação de falta de seriedade

Alunos sem aulas? PS acusa Ministério da Educação de falta de seriedade

O PS acusou hoje o Ministério da Educação de falta de seriedade na utilização de números sobre alunos sem aulas, alegando que estará a comparar realidades distintas entre 2023 e o presente que não são comparáveis.

Lusa | 12:23 - 22/11/2024

Questionado sobre as críticas do PS, Luís Montenegro respondeu: "Nós estamos empenhados em ser transparentes, verdadeiros, em poder ter, de forma tranquila e serena, uma abordagem com critérios de rigor".

"Mas há uma coisa que eu quero garantir: nós não vamos desviar-nos do que é mais importante para andar com falsas querelas. O que é importante em Portugal é que todos se concentrem no mesmo: isto não é uma discussão sobre número. Nós utilizamos os números apenas para poder aferir se as decisões a ter bom ou mau resultado", disse.

Montenegro disse que "percebe a dialética política", mas defendeu que tanto a oposição como o Governo devem dar "um incremento à valorização daquilo que é importante".

"O que eu recomendo, mesmo às senhoras e senhores jornalistas, é que nos concentremos em poder concluir se as decisões que o Governo está a tomar estão a produzir resultado: sim ou não? O que é que podemos fazer para que o resultado amanhã seja melhor? Esta é a filosofia do Governo. Se quiserem agora andar aqui a discutir números, apenas números, eu acho que a sociedade não nos ouve", disse

O chefe do executivo defendeu que as medidas que têm sido aplicadas pelo Governo, como o lançamento do concurso extraordinário, os apoios à deslocação e ao alojamento e a criação de condições para acolher novos docentes, estão a ter sucesso e a garantir que a escola pública permite a todos terem "uma oportunidade para, através do conhecimento e da educação, poderem projetar os seus percursos de vida".

Numa visita em que esteve acompanhado do ministro da Educação, e durante a qual se reuniu com a direção da escola, Montenegro destacou o trabalho que tem sido desenvolvido por Fernando Alexandre e salientou que "ainda é possível fazer mais".

"Nós não estamos aqui para dizer que o objetivo está cumprido e que o trabalho está feito. Pelo contrário, nós estamos apenas na primeira etapa, nós estamos a dar um pontapé de saída na resolução de um problema que é um problema muito, muito significativo e que coloca em causa a democracia, a igualdade de oportunidades e o próprio desenvolvimento económico do país", disse.

Para Montenegro, "este foi apenas um primeiro ano", no qual o Governo o Governo já está a conseguir "resolver vários problemas e a ter bons resultados".

"Mas nós queremos mais: nós queremos mesmo acabar com o flagelo que é haver um aluno sem professor a todas as disciplinas. É nisso que vamos trabalhar", afirmou.

Também o BE acusou o Governo de mentir e de "martelar números" sobre o número de alunos sem aulas, comparando universos distintos, com o objetivo de esconder "a realidade da falta estrutural de professores nas escolas".

"É mentira. Os números do Governo são martelados para esconder a realidade da falta estrutural de professores nas escolas", acusou a deputada do BE Joana Mortágua, em conferência de imprensa na Assembleia da República.

[Notícia atualizada às 14h02]

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