O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, explicou, esta sexta-feira, que "os sistemas de informação do Ministério [da Educação] não estão preparados para calcular o número de alunos sem aulas", tendo ressalvado que, entre os números que apresentou na semana passada, apenas um deles era impreciso.
"Perante o conflito de dados, pedimos o esclarecimento aos serviços, que nos deram outros números. Estamos a falar dos mesmos serviços que trabalharam com o Governo anterior e que estão a trabalhar com este. Por isso é que pedi uma auditoria aos números de 2023/2024, para que se esclareça esta questão", disse, em declarações aos jornalistas.
Fernando Alexandre ressalvou, ainda assim, que "em todos os números" que apresentou na semana passada, "estamos a falar de um número do ano letivo passado".
"Estamos a falar dos números que estamos a monitorizar este ano. Neste ano letivo, apesar de termos muitas fragilidades nos sistemas de informação, - ou seja, os sistemas de informação do Ministério não estão preparados para calcular o número de alunos sem aulas -, o que fazemos é usar outros sistemas de informação para estimar o número de alunos sem aulas, porque nunca foi esse o foco, foi a falta de professores", esclareceu.
O ministro salientou, por isso, que a tutela tem "uma nota metodológica, um grupo de trabalho que acompanha semanalmente os dados, que faz verificação telefónica para as escolas, de forma a [ter] o maior rigor possível dos dados".
Recorde-se que, na quinta-feira, Fernando Alexandre reconheceu que as estatísticas avançadas pelo Governo que davam conta de que, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina, quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.
Na notícia avançada pelo Expresso, lê-se que Fernando Alexandre reconheceu que "qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível", tendo em conta os "dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes momentos" e também "todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa".
O mesmo meio referiu ainda que, após terem sido divulgados publicamente números por parte do Partido Socialista (PS) e do ex-ministro João Costa que contrariavam os que estavam a ser comunicados pelo Governo, o Ministério da Educação pediu à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que revalidasse os dados relativos ao ano letivo 2023/2024, "de modo a verificar a informação usada pela atual equipa do ministério referente a esse período".
Nessa resposta, a DGEstE indicou que "os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7.381" e, "no final do 1.º período, eram 3.295", ou seja, números muito distantes dos 21 mil que o Governo identificava até agora e nos quais se baseava para argumentar que havia uma redução de 90%.
"Lamento ter indicado aquele dado. Se tivesse o conhecimento que tenho hoje, não o teria feito", disse o ministro, que confessou não ter confiança nos números fornecidos pela DGEstE, razão pela qual pediu uma auditoria externa aos dados sobre alunos sem aulas no ano passado.
[Notícia atualizada às 12h21]
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