"A insolvência do grupo Trust in News foi decretada a 04 de dezembro. Ficaram por pagar 94 salários de outubro, a totalidade dos salários de novembro, o subsídio de férias, o subsídio de Natal e os últimos subsídios de refeição", lê-se numa nota que a Lusa teve acesso.
A perspetiva dos 140 trabalhadores é de receberem apenas um salário no final de dezembro, mas ainda não têm confirmação de que tal se vá concretizar.
Esta é já uma situação insustentável para muitos trabalhadores, pelo que foi lançada a conta solidária TiN (PT50 0035 0734 00024 147430 06) para responder às situações de maior fragilidade.
Segundo uma publicação nas redes sociais pela defesa da revista Visão e das restantes 16 publicações do grupo, os trabalhadores do Jornal de Notícias (JN), que há um ano estavam em situação idêntica, fizeram o primeiro donativo, no valor de 300 euros.
Na semana passada, os trabalhadores do grupo TiN concentraram-se na Praça Luís de Camões, em Lisboa, para exigir o pagamento dos salários em atraso e em defesa dos postos de trabalho, do jornalismo e da democracia.
Envergando cartazes onde se podia ler "Os teclados não pararão", "Manchetes de promessas, salários em atraso" ou "Para que a democracia não morra na escuridão", várias dezenas de trabalhadores do TiN, manifestaram-se para apelarem a "toda a sociedade, aos leitores e anunciantes e também a potenciais investidores" para a situação do grupo.
Em causa estão "títulos históricos que muito têm contribuído para o pluralismo da informação" e que "são viáveis e têm condições para continuarem a ser publicados", afirmou à Lusa Clara Teixeira, que trabalha na revista Visão há 20 anos.
Segundo a também delegada sindical, "a primeira vez que o pagamento dos salários se atrasou foi em final de novembro do ano passado" e desde então a situação tem-se degradado. "Os salários têm sido sempre pagos com atraso, os subsídios de férias e de Natal não foram pagos e até o subsídio de refeição desde junho não nos é pago", apontou.
Por outro lado, Clara Teixeira indica que ao nível das condições de trabalho tem existido "uma degradação contínua", com perda de profissionais, o que tem "dificultado o trabalho".
A TiN viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 05 de novembro, tendo em 12 de novembro a administração anunciado a sua intenção de apresentar um plano de insolvência. O grupo foi considerado insolvente em 04 de dezembro, tendo o tribunal fixado em 30 dias o prazo para reclamação dos créditos e assembleia de credores para 29 de janeiro, segundo a sentença a que Lusa teve acesso.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) vai ser ouvido no próximo dia 18 pela Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito de um requerimento acerca da situação dos trabalhadores do Grupo Trust in News.
O grupo TiN é ainda responsável por títulos como a Caras, Telenovelas, Activa, TV Mais e Courrier Internacional.
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