Cabo Verde e Portugal celebram 50 anos do Acordo de Lisboa

Os presidentes de Portugal e Cabo Verde celebraram hoje os 50 anos do Acordo de Lisboa, marco que definiu a transição do arquipélago de território ultramarino português para um Estado independente.

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Lusa
19/12/2024 16:31 ‧ há 2 horas por Lusa

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Cabo Verde e Portugal

"Evocamos hoje aquilo que foi um passo jurídico decisivo no caminho para a independência de Cabo Verde", destacou o chefe de Estado Português, Marcelo Rebelo de Sousa, na cidade da Praia, durante a cerimónia de homenagem aos signatários do Acordo de Lisboa para a transferência de soberania do arquipélago.

 

Marcelo Rebelo de Sousa disse que respeitar a história implica estar presente em momentos que a evocam e manifestou alegria ao observar a presença de representantes de todos os órgãos de soberania cabo-verdianos num momento que considerou histórico.

Igualmente destacou que o momento pertence ao povo e ao Estado de Cabo Verde, bem como ao de Portugal. 

"Somos já poucos aqueles que, com responsabilidades cívicas, podem testemunhar o que se passou, o que se viveu no ano de 1974", lembrou ainda.

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, destacou que a presença do seu homólogo português simboliza a grandeza e a experiência das relações construídas desde séculos entre os dois países e povos.

"Celebramos hoje uma data marcante da nossa vida coletiva, determinante no processo que levou à independência nacional a 05 de julho de 1975", apontou.

Também destacou o reconhecimento aos cabo-verdianos que assinaram o histórico Acordo de Lisboa como o comandante Pedro Pires, os diplomatas Amaro da Luz e José Luís Fernandes, ambos responsáveis do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), durante o período da clandestinidade e aos integrantes da delegação portuguesa, nomeadamente, os ministros Melo Antunes, Mário Soares e Almeida Santos.

"Aos integrantes do Governo de transição, cabo-verdianos e portugueses, as nossas homenagens, pois, prepararam as bases do Estado soberano de Cabo Verde", referiu.

José Maria Neves disse que a memória é o "grande ativo para que haja futuro, sem prejuízo da diversidade de opiniões e do confronto de ideias que é próprio da democracia".

"Devemos valorizar a nossa história de forma aberta, crítica e autónoma, livre da pressão de interesses partidários ou do clientelismo político. O Acordo de Lisboa, visto em toda a sua complexidade, tem um papel decisivo na fixação da nossa memória coletiva", disse ainda.

Neste sentido, apelou que os cidadãos devem fazer uma "reflexão serena, urgente" sobre os caminhos que levaram o país à independência e democracia, relevando o "essencial diante do circunstancial, do acessório e do efémero".

"O Acordo não deve servir hoje de arma de arremesso político, por que feito para unir os cabo-verdianos em torno de um desígnio comum, partindo daquilo que nos converge", alertou.

O Acordo de Lisboa foi assinado em 19 de dezembro de 1974 entre o Governo português e o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), estabeleceu a "fixação, por acordo, do esquema e do calendário do processo de descolonização do território do Estado de Cabo Verde".

Leia Também: Parlamentos de Cabo Verde e Portugal passam a reunir antes das cimeiras

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