O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, negou que a "operação especial" da Polícia de Segurança Pública (PSP) que decorreu na quinta-feira, no Martim Moniz, em Lisboa, tenha tido "instrução do Governo", mas admitiu que, com a Aliança Democrática (AD) no poder, houve uma "mudança de política na área da segurança".
"Há alguma perceção de que hoje as polícias estão mais próximas e visíveis porque, se calhar, no passado, havia uma atuação menos próxima e visível e, em alguns daqueles crimes que vimos aumentar, não havia atuação suficiente", explicou Leitão Amaro em entrevista à SIC Notícias.
O social-democrata deixou também claro que a "segurança é um valor e prioridade inabalável" para o atual Governo e isso vai traduzir-se numa "orientação geral para haver proximidade e visibilidade".
"Um foco na criminalidade violenta, tráfico de droga e de pessoas. A prioridade inabalável com a segurança é algo que os portugueses devem saber que temos e mantemos. Esta operação foi planeada pela policia, sem nenhuma instrução do Governo. É focada no crime e numa zona problemática. O crime e a insegurança não têm cor de pele nem etnia", reforçou o ministro da Presidência.
Confrontado com as polémicas imagens, transmitidas pelas televisões e divulgadas nas redes sociais, de dezenas de pessoas viradas para uma parede, sob supervisão da PSP, Leitão Amaro disse apenas que as autoridades estavam a seguir uma "orientação da lei de 2006, do regime das armas".
"Que diz que as polícias devem fazer operações especiais em zonas delimitadas para prevenir e controlar a existência de armas, incluindo armas brancas. A polícia disse hoje que nos últimos dois anos ocorreram 52 crimes com armas brancas naquelas ruas. Esta operação foi baseada num dever que a lei estabelece", acrescentou.
Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
Leia Também: Martim Moniz? "Governo é um perigo. PSP não pode ser instrumentalizada"