Trabalhadores da Casa Pia protestam por falta de pessoal

Mais de meia centena de trabalhadores da Casa Pia estão hoje em protesto contra a falta de professores e funcionários na instituição, situação que dizem pôr em causa a segurança e qualidade do acompanhamento das crianças.

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Lusa
13/01/2025 12:51 ‧ há 6 horas por Lusa

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Desde as 10:00 que o Largo Marquês de Nisa, em Lisboa, em frente ao Centro e Educação e Desenvolvimento (CED) D. Maria Pia, é palco de uma concentração de professores, educadores de infância e outros funcionários da Casa Pia.

 

Gabriela Barros é uma das professoras que quis estar hoje presente para chamar a atenção para a falta de recursos humanos. "Sem assistentes operacionais, têm de ser os professores a tratar das ocorrências que acontecem nas aulas. Se um aluno se sente mal ou se há um conflito dentro da sala, temos de interromper a aula", lamentou a professora de música do ensino básico.

Faltam funcionários nos corredores, nos edifícios e nos recreios, acrescentou, recordando que a situação se tem agravado desde que começou ali a dar aulas, há 16 anos.

A coordenadora do pré-escolar corrobora esta ideia. À Lusa, Maria Rodrigues contou que, só este ano letivo, abriram mais uma sala de pré-escolar e outra de creche, sem o respetivo aumento de pessoal.

A trabalhar na Casa Pia há 25 anos, dos quais 13 no CED D. Maria Pia, Maria Rodrigues disse que "a lei não está a ser cumprida": "No pré-escolar, deveria haver uma educadora e um técnico a tempo inteiro, o que nunca aconteceu".

Em setembro, a CED D. Maria Pia passou a ter 108 crianças na creche e no pré-escolar, que estão divididas por sete salas. Mas a coordenadora adiantou que continua a haver só sete assistentes.

A receber crianças desde às 08:00 e com hora de fecho apenas ao final do dia, as assistentes teriam de trabalhar cerca de 10 horas ininterruptamente para garantir apoio permanente nas salas. "Sendo que nas creches, deveriam estar duas assistentes", acrescentou Maria Rodrigues.

Maria João Queiroz e Dulce Rodrigues são duas das assistentes técnicas da Casa Pia. Maria João trabalha ali há 43 anos e Dulce há 30.

Ambas dizem que às 14:30 "ficam sozinhas nas salas", porque termina o horário das educadoras de infância. As assistentes operacionais passam a ser responsáveis pelas salas de creche e pré-escolar até chegarem os pais das crianças, "que às vezes se atrasam e chegam depois das 19:00", lamentou Dulce Rodrigues.

"Se uma criança precisar de ir à casa de banho tem de ir sozinha, porque a alternativa é deixar todos os outros sozinhos na sala", exemplificou.

A falta de assistentes também põe em risco a segurança das crianças nos recreios. "Quando temos apenas três ou quatro funcionários para 70 crianças no recreio, há perigos", alertou a coordenadora do pré-escolar, Maria Rodrigues.

Segundo Armando Almeida, outro funcionário presente no protesto, o colégio tem cerca de 600 alunos e, muitas vezes, "estão abandonados dentro da Casa Pia".

"Temos desde o berçário até aos cursos profissionais. Este colégio é enorme, é um palacete degradado com grandes jardins. Como costumamos dizer, eles estão abandonados dentro da Casa Pia. É uma população completamente desprotegida e sem vigilância", alertou o associado do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA).

Armando Almeida esteve hoje reunido com a direção do colégio. No final, contou à Lusa que a direção tinha aberto agora um concurso para 13 funcionários, dos quais seis serão integrados no CED.

"Mas destes seis, se se reformarem quatro, como previsto, iremos continuar a ter um problema complicado", alertou.

"Se nos próximos tempos não existir uma resposta, iremos continuar a lutar. É a primeira vez que professores e docentes lutam juntos, porque a falta de funcionários também afeta o funcionamento das aulas", disse.

Os trabalhadores queixam-se também da falta de Medicina do Trabalho e da degradação física dos edifícios e equipamentos, segundo o protesto convocado pelo Sindicato dos Professores da Grande Lisboa e pelo STFPSSRA.

Leia Também: Técnicos dos serviços prisionais decretam greve às horas extraordinárias

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