"Os funcionários judiciais sabem que têm na ministra da Justiça uma aliada", afirmou hoje, na abertura solene do ano judicial, Rita Alarcão Júdice, ressalvando que "uma aliada não é alguém que distribui dinheiro público na proporção do ruído ou do número de notícias".
"É alguém que conhece o valor do seu trabalho, que move montanhas para que os tribunais tenham computadores, sistemas informáticos, ar condicionado, segurança, elevadores, rampas de acesso, salas onde não chova", acrescentou a governante, ao discursar no Salão Nobre do Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa.
À saída, o presidente do SFJ lembrou que, "por muitos computadores" que haja, "as sentenças não se cumprem sozinhas", continuando "a ser precisos homens e mulheres que as tornem efetivamente exequíveis perante os destinatários".
António Marçal disse, por isso, esperar que Rita Alarcão Júdice abandone "os discursos bonitos" e concretize a sua condição de aliada "em termos de atos".
Durante a cerimónia, cerca de uma centena de funcionários judiciais assinalou a abertura do ano judicial com a instalação em frente ao Supremo Tribunal de Justiça de um altar pela carreira dos oficiais de justiça.
A vigília foi convocada pelo SFJ, maioritário entre os funcionários judiciais, e contou com a adesão do Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ), liderado por Carlos Almeida.
Em causa está a proposta de revisão da carreira apresentada pelo Ministério da Justiça no final de dezembro, com condições consideradas inaceitáveis por ambos os sindicatos, como a divisão da carreira em duas e valorizações salariais que as estruturas não aceitam.
"O anteprojeto que foi enviado no final de dezembro é quase uma sentença de morte para a carreira de oficial de justiça", justificou, à Lusa, o dirigente sindical.
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