"Tenho, enquanto português, uma profunda admiração pelo percurso de vida do general Ramalho Eanes e pela forma como soube, enquanto militar, estadista e cidadão, servir o país com honestidade, seriedade de caráter e sentido de Estado", escreve o também antigo primeiro-ministro num texto publicado no Jornal de Notícias.
Cavaco Silva destaca que António Ramalho Eanes "é um homem de liberdade, a quem Portugal muito deve, em particular pela liderança do movimento que, em 25 de Novembro de 1975, afirmou Portugal como um país livre, uma democracia de matriz ocidental, um Estado de direito fiel aos princípios da dignidade da pessoa humana".
Diz ter tido "a honra de ser nomeado primeiro-ministro pelo Presidente Ramalho Eanes" e também de contar com o seu apoio quando foi candidato presidencial.
"Em 2015, sendo Presidente da República, condecorei o general Ramalho Eanes com o Grande Colar da Ordem da Liberdade. Tive então a ocasião de dizer que ninguém como ele merecia aquela condecoração que celebra a liberdade e os valores democráticos", recorda.
Aníbal Cavaco Silva felicita Ramalho Eanes pelos 90 anos de idade e "pela forma firme, serena e íntegra como continua a servir Portugal".
O primeiro Presidente da República eleito democraticamente após o 25 de Abril, Ramalho Eanes, completa hoje 90 anos de uma vida dedicada primeiro à instituição militar, ganhando visibilidade com a operação do 25 de Novembro de 1975.
António Ramalho Eanes foi eleito em junho de 1976, vencendo as eleições com 61,59%. Foi reeleito em dezembro de 1980, igualmente à primeira volta, com 56,44% dos votos expressos. Fez dois mandatos em Belém, tendo deixado o cargo em 1986.
Durante esse tempo, conviveu com sete primeiros-ministros: Mário Soares, Alfredo Nobre da Costa, Carlos Mota Pinto, Maria de Lurdes Pintassilgo, Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, e Aníbal Cavaco Silva.
Depois de sair da Presidência da República, Ramalho Eanes prossegue a intervenção política e cívica. Apoia Cavaco Silva na corrida a Belém, presidindo à sua comissão de honra, em 2011, e Sampaio da Nóvoa, que perde contra Marcelo Rebelo de Sousa em 2016.
Em 1993 passa à reforma e pondera recandidatar-se à Presidência da República, em 1995, mas tal não se concretiza.
No ano 2000 recusa a ascensão à mais alta patente da hierarquia militar, não aceitando a promoção a marechal.
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