A ação de protesto foi organizada pelo movimento Vida Justa e juntou moradores do bairro Marinhas do Tejo, localizado em Santa Iria da Azóia e do Talude Militar, na localidade de Unhos.
Em causa está a retirada de 99 pessoas que viviam em 15 casas autoconstruídas e em nove apartamentos num bairro clandestino da freguesia de Santa Iria da Azóia, em Loures, no distrito de Lisboa.
Horas antes da vigília, os moradores estiveram reunidos com o embaixador de São Tomé e Príncipe, que está a intermediar o processo, junto da Câmara Municipal de Loures, e lhes comunicou que a autarquia aceitou alargar até 28 de fevereiro o prazo para o despejo, assim como se comprometeu a ajudar as famílias a encontrar uma solução habitacional.
Apesar das garantias, as cerca de duas dezenas de moradores que participaram na vigília quiseram reivindicar "uma solução que seja compatível" com o ordenado que auferem.
"O salário que nós recebemos não é conveniente para pagar uma renda. Se a Câmara ou a embaixada vão ver casas, não são rendas que combinam com o nosso salário. Nós já há muito tempo estamos a ver se conseguimos encontrar uma casa que combine com o nosso salário para abandonar aquele espaço", disse aos jornalistas Odair Barros, um dos manifestantes e morador nas Marinhas do Tejo.
No mesmo sentido, Irundino da Costa, morador no Talude Militar e cuja habitação precária foi demolida em setembro, lamentou a dificuldade em encontrar uma casa com "renda acessível".
"É muito doloroso, ninguém quer viver naquelas condições. Não temos condições para pagar a renda, não temos essas condições. Não queremos viver em barracas", afirmou.
Por seu turno, Luís Batista, do movimento Vida Justa, admitiu que a intermediação do embaixador de São Tomé e Príncipe no processo "é positiva", mas exigiu uma garantia oficial da Câmara de Loures de que as demolições não irão avançar já.
"Deve ser de forma clara e uma informação escrita aos moradores, deve ser a Câmara a transmitir isso aos moradores. A única informação oficial que existe neste momento é uma ordem de despejo afixada na porta com a data de 31 de janeiro", criticou.
O ativista lamentou ainda que nenhum representante da Câmara de Loures tenha aceitado receber a comitiva de moradores que se deslocou à entrada do edifício.
A Câmara de Loures anunciou hoje que prolongou por mais um mês o prazo limite para as 15 famílias instaladas em habitações precárias e ilegais em Santa Iria da Azóia encontrarem uma alternativa habitacional
A retirada das famílias das habitações precárias e ilegais esteve prevista para o início de dezembro do ano passado, mas a Câmara de Loures já tinha estendido o prazo até final deste mês, antes do adiamento agora divulgado para 28 de fevereiro.
Em declarações na terça-feira à agência Lusa, a vice-presidente da Câmara de Loures, Sónia Paixão (PS), que detém o pelouro da Habitação, disse que será impossível atribuir uma casa municipal a estas famílias, uma vez que "existe uma longa lista de espera" por parte de pessoas em situação de "maior vulnerabilidade social".
A associação Vida Justa, que denunciou e está a acompanhar o caso, indicou que entre os moradores que vão ser despejados estão 21 crianças, quatro pessoas doentes e uma mulher grávida.
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