A deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua desafiou o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, Luís Carrilho, a comentar as últimas notícias sobre a morte de Odair Moniz, na Cova da Moura, que indicam que "não aconteceu em contexto de legítima defesa".
"Quer fazer algum comentário a estas notícias que saíram hoje?", questionou Joana Mortágua.
Em resposta, embora o tema "não esteja na agenda" da audição parlamentar, que é sobre a "operação especial" no Martim Moniz, Luís Carrilho defendeu que "todos são inocentes até sentença transitada em julgado".
"Os nossos polícias também têm direito à presunção de inocência. Do ponto de vista judicial é muito relevante que o processo corra os seus trâmites e em Portugal o julgamento faz-se no tribunal. Confiamos na justiça tal como confiamos nos nossos polícias", sublinhou Luís Carrilho na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, no Parlamento.
Os elementos da PSP que estiveram na Cova da Moura, na Amadora, depois de um agente ter baleado Odair Moniz deram versões diferentes à Polícia Judiciária sobre a existência de uma faca.
A conclusão consta do relatório da própria Polícia Judiciária, que aponta incongruências às declarações dos vários agentes da PSP que se deslocaram ao local onde Odair Moniz morreu, na madrugada de 21 de outubro do ano passado, sobre a existência de uma arma branca.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, no mesmo concelho, morreu no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, pouco tempo depois de ter sido baleado.
Na semana seguinte à morte de Odair registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados.
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