Os estudantes pelo Fim ao Fóssil até 2030 lançaram uma angariação de fundos, esta quinta-feira, que visa cobrir o pagamento da multa do ativista climático que foi hoje condenado por ter estragado a roupa do primeiro-ministro demissionário, Luís Montenegro, e de uma fotógrafa do CDS, com tinta verde, em 2024.
"Precisamos do teu apoio para ajudar a cobrir os custos do Vicente, o estudante de 19 anos do curso de ciência política e relações internacionais e parte do coletivo Greve Climática Estudantil. Em março de 2024, num protesto durante a campanha eleitoral, o Vicente despejou tinta no candidato da AD, Luís Montenegro, num ato de protesto para o responsabilizar e sinalizar a falta de propostas do partido para garantir um futuro para os jovens", apelou o coletivo.
O universitário foi condenado a pagar 1.600 euros de multa por dois crimes de dano e a indemnizar em 958 euros o atual primeiro-ministro. Terá também de indemnizar em 527 euros, mais juros de mora, a fotógrafa que integrava a comitiva da Aliança Democrática (AD) visada, durante a campanha eleitoral para as Legislativas de março de 2024. Até ao momento, foram recolhidos 243,58 euros.
"Vamos recorrer", assegurou a advogada do jovem, Carmo Afonso, à saída do Tribunal Local de Pequena Criminalidade de Lisboa.
"O apoio crescente por parte dos estudantes e de todas as pessoas é inspirador. O nosso futuro enquanto jovens e a vida de toda a gente está em risco devido à negligência dos nossos governos. A crise climática está a destruir o nosso futuro e tudo aquilo que amamos, nós não podemos aceitar isso. A luta não acaba aqui!", apontou Vicente, em comunicado.
Entretanto, os estudantes anunciaram que, a 28 de abril, "vão sair das suas aulas e marchar até à Assembleia da República".
"Nas semanas seguintes, da campanha eleitoral, os estudantes vão mostrar aos partidos que querem formar governo que têm de se comprometer com a exigência da Carta de Estudantes pelo Fim ao Fóssil até 2030", garantiram.
Saliente-se que, de acordo com Carmo Afonso, um dos motivos de recurso será a condenação por ter estragado o vestuário de Isabel Santiago.
"Não houve qualquer intenção da parte do arguido de atingir Isabel Santiago, que ele não conhecia de lado nenhum. E o arguido foi muito claro e transparente com o tribunal, no sentido de dizer que o objetivo era atingir Luís Montenegro. Atingir, não danificar-lhe o vestuário", explicou.
Carmo Afonso mostrou-se ainda surpreendida por o ativista ter sido punido apenas por dolo eventual (danificar sem ser esse o objetivo embora admitindo tal como possível), no caso de Montenegro.
"Acho que isso nos coloca numa ótima posição para o passo que vamos dar", considerou.
O mandatário de Isabel Santiago, João Pinheiro da Silva, classificou a sentença do tribunal como exemplar.
Leia Também: Estudantes pelo fim ao fóssil em marcha até ao parlamento a 28 de abril