A estimativa foi avançada hoje à agência Lusa pelo presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), que conta iniciar o rastreio alargado a mulheres a partir dos 45 anos nos próximos dias, depois de uma reunião agendada para a próxima semana com a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.
No início de dezembro de 2024, a Direção-Geral da Saúde publicou a atualização da norma sobre o rastreio de base populacional do cancro da mama, que foi alargado mulheres entre os 45 e os 74 anos, quando até agora se destinava a mulheres entre os 50 e os 69 anos, cumprindo as recomendações da União Europeia.
"É um alargamento que será feito de modo gradual e que demorará cerca de dois anos. Dentro de dois anos, nós esperamos atingir um nível de adesão de 70%, que é uma adesão considerada excelente ao nível europeu", adiantou Vítor Veloso.
A LPCC estima que este rastreio alargado abranja pelo menos 1,5 milhões de mulheres, um "esforço grande", mas que pode permitir diagnosticar cancros em fases iniciais, com maior probabilidade de cura e de qualidade de vida.
"Tudo isto praticamente duplica o que fazemos até aqui. Serão dois anos de esforço, mas que esperamos alcançar com êxito", salientou Vítor Veloso, ao adiantar ainda que o alargamento dos rastreios vai implicar um investimento de 10 milhões de euros.
Esse montante destina-se a equipamentos de última geração -- aparelhos de mamografia e unidades móveis de mamografia --, assim como à contratação de técnicos de diagnóstico qualificados.
O rastreio é realizado através de mamografias gratuitas e as mulheres são convocadas diretamente por carta-convite dirigida para a morada que se encontra registada no centro de saúde onde se encontra inscrita.
Poderão também receber uma mensagem SMS de lembrete sobre o local, data e hora onde realizar o exame.
Em Portugal, segundo a LPCC, são anualmente diagnosticados cerca de 9.000 novos casos de cancro da mama e mais de 2.000 mulheres morrem com esta doença.
"No entanto, através do rastreio, é possível detetar lesões em estadios iniciais, antes de surgirem quaisquer sinais ou sintomas, aumentando a probabilidade de o tratamento ser mais eficaz e, em consequência, um melhor prognóstico da doença", realçou a liga.
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