Em 2024 quase 24 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica em Portugal, um número chocante, que pode ser ainda maior, uma vez que diz apenas respeito aos dados oficiais, às queixas apresentadas.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), divulgado no final de março, a violência doméstica contra o cônjuge (ou idêntico) foi a tipologia criminal com mais participações registadas a nível nacional (25.919). Mais. Segundo os investigadores, um quarto de todos os homicídios consumados no país o ano passado ocorreram mesmo em contexto de intimidade e das 23 vítimas mortais, 19 eram mulheres.
Perante tais dados, tornou-se ainda mais urgente a luta dos ativistas contra a violência sobre as mulheres. Francisca de Magalhães Barros, que também já foi vítima de um marido agressivo, segundo o jornal Expresso, é uma das principais impulsionadoras da batalha e a primeira signatária de uma petição pública que pede a criação do crime específico de femicídio, assim como medidas mais pesadas para os agressores e que a violação se torne – tal como a violência doméstica já é - um crime público.
Em dois meses a Petição contra a violência sobre as mulheres já recolheu quase 120 mil assinaturas. Entre os signatários está o grupo 'Por um país mais justo', que junta Manuela Ramalho Eanes, fundadora do Instituto de Apoio à Criança, e antiga primeira dama, Rui Pereira, antigo ministro da Administração Interna, a procuradora Dulce Rocha, a juíza Clara Sottomayor e os advogados António Garcia Pereira e Isabel Aguiar Branco.
Recorde-se que, no passado sábado, centenas de pessoas, entre as quais várias caras conhecidas, juntaram-se em frente à Assembleia da República para se manifestarem contra a violência sexual, depois de uma jovem ter sido, alegadamente, violada por três influencers, em Loures, e ter visto as imagens do crime serem divulgadas nas redes sociais e vistas por mais de 32 mil pessoas.
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