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Tentam enganar hospitais para esconder abusos aos filhos

Os pais que agridem os filhos tentam enganar o sistema para evitar serem identificados pelos profissionais de saúde. Este é um comportamento que ameaça a criança e dificulta o diagnóstico, explica o Jornal de Notícias.

Tentam enganar hospitais para esconder abusos aos filhos
Notícias ao Minuto

07:52 - 23/09/14 por Notícias Ao Minuto

País Menores

Há muitos pais que maltratam os filhos e vão saltando de hospital para hospital para dificultar que os profissionais de saúde detetem essa situação, para evitarem ser identificados e eventualmente, punidos, segundo uma denúncia por parte da presidente da secção de pediatria social da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Maria de Lurdes Torres, médica no hospital Amadora-Sintra.

A pediatra, que faz parte do núcleo hospitalar de apoio às crianças e jovens em risco do Hospital Fernando da Fonseca, revelou que muitos pais sentem-se “culpados” pela agressão e “vão andando nos hospitais todos para evitar serem identificados, o que torna muito difícil diagnosticar a situação”.

“Não são capazes de deixar de ser maltratantes mas depois sentem necessidade de recorrer aos cuidados de saúde”, explica ao Jornal de Notícias.

Quando se tratam de lesões menos visíveis isto pode passar despercebido pelos técnicos de saúde, sobretudo indo as crianças ao hospital por uma doença aguda e não devido ao episódio dos maus-tratos em concreto.

“Se fossem sempre observadas no mesmo local, os sinais em conjunto eram mais fáceis de valorizar como situação de maus-tratos”, defende Maria de Lurdes Torres.

Contudo, as famílias que vão rodando os hospitais acabam por atrasar o diagnóstico, o que pode conduzir a situações de perigo.

A psicóloga clínica e membro da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco, Teresa Montano, explica, por sua vez, que este comportamento é “um mecanismo de defesa dos pais” devido ao sentimento de culpa e ao “medo de serem descobertos”.

Para a psicóloga, os profissionais de saúde têm que estar “cada vez mais capacitados para detetar este tipo de situações e ajudar os pais”.

Já Maria de Lurdes Torres afirma que os profissionais “estão mais alertados e mais formados” para detetar e lidar com estes casos, mas reconhece que “há falhas”, até porque “as situações nem sempre são evidentes”.

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